24.1.09

UM DIA NA VIDA DE UM ANIMAL FEROZ


À conta do "dossiê flamingo", passou despercebida a reacção do secretário-geral do PS e 1º ministro à votação de ontem no Parlamento por causa da estafada avaliação dos professores. Para além de uma intervenção histérico-estalinista de Santos Silva, claramente intimidatória para os pobres sitiados da maioria, o próprio Sócrates veio depois vergastar publicamente a meia dúzia de deputados do PS que "ousou" votar ao lado do CDS. Já sabíamos quão parco em cultura democrática - entre outras coisas - o secretário-geral absolutista é. Agora nem sequer se dá ao trabalho de disfarçar. Este sábado junta os bonzos das suas "velhas fronteiras" no Porto e intervala para falar do "dossiê flamingo". A última coisa que lhe deve apetecer é justamente as "velhas fronteiras" e, muito menos, ter de abrir a boca para discutir assuntos desagradáveis. Mas não é essa a vida de um "animal feroz"?

Adenda: Licenciamento dentro da "maior legalidade"? Com certeza. É só isso que é preciso esclarecer. A tagarelice dos "ataques pessoais" e das "difamações" não passa disso, de conversa de secção partidária. A nação é outra coisa. E espera do seu primeiro-ministro outra coisa. Quanto ao tratamento "comunicacional", siga-se o Abrupto.

Adenda 2: Sim, este ano é ano de eleições. Todavia - e isto é pouco salientado - o "dossiê flamingo" avançou agora porque a investigação inglesa assim o determinou. E isto faz toda a diferença. O resto, do nosso lado, é conversa de chacha e foi tempo perdido.

11 comentários:

Anónimo disse...

José Sócrates. Esse imenso homem ao serviço da condução esclarecida dos homens e mulheres portugueses. Dotado de uma bonomia natural quase extraterrena, este é um grande entre os cultos, os honestos, os tolerantes e os mundividentes. Ele é um ser de uma infinita ternura pelos seus, duma compreensão inexcedível pelo próximo. Ele é um ser impoluto, à prova de qualquer tentação mais terrena e menos própria dos que, como ele, estão num patamar verdadeiramente superior de existência e de intemporalidade.
As suas ideias e o seu exemplo ficarão para sempre gravados na alma portuguesa. Será seguramente sempre difícil de compreender a verdadeira extensão da marca que este homem deixou nas gentes do seu país.

Anónimo disse...

A marca exibe-a nas etiquetas do seu invólucro: armani, prada, etc. Mas a tenda ameaça ruir, o cenário já balança e o espectáculo ameaça terminar sem apoteose. Trata-se duma tragédia estalinista com sotaque caribenho.

Anónimo disse...

é mais uma cabala contra o PS

Anónimo disse...

Adenda: Licenciamento dentro da "maior legalidade"? Com certeza. É só isso que é preciso esclarecer.

Não seria a primeira vez que em Portugal se fazia ou se alterava uma lei à medida deste ou daquele
"cliente"...muita da corrupção existente em Portugal até se encontra dentro da "maior legalidade". Interessa sempre esclarecer não apenas se as coisas estão dentro da "maior legalidade", mas tambem de que forma foram feitas ficar dentro da "maior legalidade".

Anónimo disse...

Sócrates recorda-me Costa Cabral. Também veio da Beira sem um vintém, com uma samarra coçada nos cotovelos. Começou na esquerda e serviu-se dela para chegar ao poder. Depois governou á direita de forma autoritária e ditatorial. Passou de pobretanas a Conde de Tomar com palacete à Calçada da Estrela (hoje, um bom andar na Rua Braamcamp faz o mesmo efeito e o título dispensa-se). Levantou contra ele o País por causa de uma lei (a dos cemitérios) que a maioria não entendeu e desaprovou (a avaliação dos profs tem similitudes). Caíu definitivamente por um caso evidente de corrupção não provada mas de todos conhecida ( a famosa caleche discutida nas Cortes) e a sua defesa foi a de que se ele tinha recebido, também os outros, também todos recebiam (ler Portugal Contemporâneo, Oliveira Martins). Com a sua queda abriu-se caminho para a Regeneração. Quem dera!...

Anónimo disse...

As ofensas que aqui vejo contra José Sócrates são muito irresponsáveis. Acreditem: Sócrates é um homem bom como poucos!
Amén.
Doim.

O 1º comentador anónimo

caozito disse...

Para o sr. António José Teixeira, estratègicamente colocado na sic, o importante e grave não é o assunto da legalização do empreendimento a que chamam de Freeport; não são relevantes as manobras ilícitas que foram utilizadas para o efeito.

O importante, para o sr. Teixeira, é a movimentação de somas de dinheiro que envolvem o processo, destinadas a compensar consciências que, agora e sempre, se dizem tranquilas.

Então o «inocente» do sr. Teixeira não sabe que são, precisamente, as alterações de projectos e procedimentos, os despachos, pareceres, leis "urgentes" e "empenhamentos" que levam a que a CORRUPÇÃO seja "obrigatória", ou será que (ainda) não quer que assistamos à "queda de um anjo"?

O sr. Teixeira, que foi um dos "coveiros" de Santana Lopes, com a isenção que lhe é reconhecida, por muito menos, mas muito menos, "atirava" comentários de (quase) total incompetência e fazia análises negativas ao comportamento do ex-primeiro ministro, será tão inocente assim?

Ou será que o sr. Teixeira tem receio que a asa do anjo - talvez (?) prestes a cair! - deixe de o abrigar e proteger?

Anónimo disse...

«parco em cultura democrática», ou antes pelo contrário?
Tão semelhante a Obama,
ou indo mais longe a Kennedy.
Assim se constrói democracia.
JB

Anónimo disse...

Graças a Deus que existem os ingleses e que têm o sentido da honra. Se não fossem eles, o processo já estava mais que esquecido. Por intermédio deles, percebemos como funciona a Justiça em Portugal. Este é o país da pouca vergonha, da albrabice, da vigarice, da falta de honestidade. Sócrates pensava que controla a polícia inglesa como controla a Justiça portuguesa ou os jornais do Oliveira ou outros sem vergonha que andam por aí a enganar-nos todos os dias. Caminhamos para a pior ditadura que é a ditadura da mentira, aquela que manipula, que ameaça que lute pela verdade, que faz chantagem a quem não se verga. O caso Freeport é mais um exemplo de conivências, mentitas e... grandes lucros pessoais. Sócrates não controla a polícia inglesa, como não controla o Financial Times quando noticia que a nossa credibilidade externa está cada vez. O critério do Financial Times não se rege por aquele dos Oliveiras, da Cofina, da Sic e do Expresso, do Diário Económico e, agora, do Rangel das televisões. Tudo gente que vive da mama do Estado socialista. Graças a Deus, os ingleses existem, para que alguém ajude a pôr termo a esta pouca vergonha.

Anónimo disse...

Está aqui bem explicada a razão da minha fobia relativamente à democracia representativa de cariz partidário. O que é preciso é que os deputados sejam eleitos em circulos uninominais, para quando tiverem de votar o fazerem de acordo com a sua consciência e na defesa do círculo por onde foram eleitos e não para agradar aos salafrários socráticos que o país vai produzindo.

Anónimo disse...

Tenta-se passar para a opnião pública as enormes dificuldades que envolvem a investigação do caso Freeport;são os ingleses que atrasam tudo porque demoram anos a responder, são os offshores complicadissimos de investigar, são os poderes ocultos que se pressentem, mas difíceis de identificar...
No entanto,todos se esquecem do mais simples e imediato: houve declarações públicas, largamente mediatizadas, que afirmam ter o então Ministro do Ambiente sido pessoalmente informado da probabilidade de existir uma possibilidade de práticas de corrupção, ligadas a um processo que corria nesse mesmo Ministério.Todos ouviram essas declarações, mas ninguém ligou ou não teve interesse em ligar.Porquê?
Ora, porque essa é a "ponta" que pode exactamente desatar a nebulosidade do caso Freeport!Veja-se então como:
_ O visado nas referidas declarações nunca negou ter recebido tal informação, apenas alegou não se recordar (facto estranho devido à gravidade da situação e relevância do cargo que desempenhava).
- È considerado ilícito o conhecimento de situações ilegais que não sejam de imediato comunicadas àas autoridades competentes, ficando o faltoso a essa obrigação sujeito às consequências legais. A mesma situação se verifica, no âmbito do Processo Administrativo.
Deste simples facto, que exige apuramento, decorrem várias questões que devem ser respondidas.
_ Porque não foi feita a devida denúncia às autoridades?
- Porque não foi, interinamente, aberto a nível administrativo, aberto processo de averiguações?
- Porque num processo, ferido por tão graves suspeitas, se lhe deu continuidade e mesmo caracter de urgência, em vez de se suspender até apuramento da veracidade dos factos?
- Será que o então responsável pela tutela reuniu com os queixosos e considerou não haver matéria relevante?
- Se foi esse o caso, desde quando um ministro tem capacidade de decidir em matéria judicial?
- E se houve reunião, então já são duas e não uma em que o Ministro esteve envolvido, com se afirma.
Será esta a segunda reunião de que falam os ingleses?
- Se neste caso não há suspeitos nem arguidos então o que é que as autoridades pediram aos ingleses na carta rogatória que lhes enviaram?
- Se os ingleses só referem as informções que as autoridades portuguesas lhes tinham enviado e apontam suspeitos, então é porque essa informação já constava na carta portuguesa e então não se percebe como é possível manter que não há suspeitos!
Responda-se a estas questões e então, talvez apareçam as pistas para se resolver o caso Freeport.