25.1.09

NÃO DEIXAR DE PENSAR


Antes que daqui a uns dias, na RTP, por exemplo, Judite de Sousa e Alberto Carvalho procedam à entrevista "final" e "esclarecedora" (foi assim com as habilitações académicas que, como lembrou Alberto João Jardim anteontem à noite, teriam dado lugar à substituição do "número um" pelo "número dois" numa qualquer democracia adulta), subscrevo isto:

«Os mecanismos comunicacionais vivem da "novidade". A lógica do seu desenvolvimento depende de haver novas informações todos os dias. Se não for assim, o caso Freeport (como qualquer outro) conhecerá um pico e depois cairá progressivamente no esquecimento, até ao dia em que as mesmas informações já esquecidas aparecerão como nova "novidade", ou quando haja mesmo "novidades". Este mecanismo pouco tem a ver com a substância da questão, quando esta existe fora da sua mediatização, como é o caso Freeport. O seu relançamente não se deveu a qualquer fuga processual para os jornais (como sugeriu falsamente o Primeiro-ministro), mas sim a um dia de buscas da PJ e às informações relevantes (declarações de familiares de José Sócrates) que se lhe seguiram. Agora, manter ou não a questão na agenda dos media, cada vez mais depende da orientação editorial desses mesmos media. O situacionismo ou a independência vão ser mais nítidos agora do que nos dias de brasa destes fins de semana, em que era impossível ocultar que havia um "caso" em curso (e mesmo assim a RTP nalguns noticiários e o Jornal de Notícias procederam assim). O que se sabe, informações, contradições, declarações, são de uma gravidade que não pode ser ignorada nem esquecida. No passado, em relação a muitos outros casos de menor importância, a comunicação social manteve-os como "escândalos", dando-lhe sequência investigativa e persistência editorial, fazendo exigências de clarificação e não deixando que haja esquecimento. Este caso, talvez o que mais gravemente afecta o centro do poder (o único precedente idêntico foi o "caso Emáudio" e houve aí uma deliberada desvalorização para não atingir Mário Soares), não pode ser escondido debaixo de um tapete. Já se sabem coisas a mais para perceber que ele não cabe debaixo de um tapete. Digo isto porque sou seu adversário político ou o acho mau governante? Não. Digo isto porque desde a história do diploma e dos projectos das casas, não acredito na sua palavra. E já o escrevi antes, não precisei do caso Freeport. Significa isto que o acho culpado, sem apelo, pelo julgamento insidioso das suspeitas? Também não. Digo-o apenas porque, como afirmou um jornalista do Expresso, Filipe Santos Costa, na SICN, não deixo de pensar

6 comentários:

Anónimo disse...

«desde a história do diploma e dos projectos das casas, não acredito na sua palavra»
Pior de tudo, é que é o PM, é o nosso PM.
Com os casos negros do regime, de Valentim Loureiro (PSD) a Fátima Felgueiras (PS) e depois o Loureiro do BPN (não foi o seu súbito enriquecimento, semelhante ao que parece andar pelo Free de Alcochete?), que pensar agora deste?
JB

Anónimo disse...

Então o PS ainda não encontrou ninguém para substituir o doutor Sócrates? Está à espera de quê?

caozito disse...

O presidente Cavaco Silva, há dias e por diversas vezes, "apelou" para que "se falasse verdade".

Como que "obedecendo", conscientemente, responsáveis e não, justificam-se, proclamam inocência e repudiam culpas; a acompanhar essas afirmações e, como é conveniente, "mascaram" semblantes irritados que transmitem honra, orgulho, seriedade e etc. "feridos", chegando, em tom de aviso, a ameaçar adversários, alguns imaginários.

Senão, analisemos:

Sócrates está "fora" do negócio, não conhece promotores, não assinou despachos, não rubricou decretos, enfim, tudo lhe passou ao lado: só lhe faltou dizer que "nem sabe onde é Alcochete e desconhece o empreendimento".

Contudo, Sócrates diz que o tio é sério, honesto, pessoa que lhe merece todo o respeito.

O tio diz que Charles lhe telefonou e conta uma história que "sela" como verdadeira e que, de certo modo, não "encaixa" na versão do sobrinho.

O ex-secretário de estado, o sr. Gonçalves (creio) diz que está "tudo" dentro dos "limites" da lei e que, embora assuma toda a responsabilidade (?), só, e só, cumpriu a lei que estipula áreas de reserva.

O ex-presidente da Câmara de Alcochete, nem precisa de se justificar: o apelido "Inocêncio" retira e anula qualquer suspeita sobre o ex-edil.

O sr. Francisco, da Quercus, diz que há ilegalidades no "cozinhado" do Freeport, contràriamente ao que afirma, com autoridade, o ex-secretário de estado.

Haverá mais um sem número de "personalidades" que, ou não conhecem o processo, ou "ouviram" falar mas não comentam, por estar em investigação e segredo de justiça(?), ou não se lembram, ou ... qualquer coisa, mas "todos" sem culpas e ninguém com culpas.

Mais uma história, de entre tantas!, "construída" com "luvas" e na qual é muito perigoso "entrar" ... mesmo com pinças!

Desde que o professor Cavaco falou - mas nem precisava?! - em "falar verdade", alguém duvida que, por cá, a mentira é "coisa" morta?

Resta-nos chamar a atenção de sua magestade britânica que "cuide" das dúvidas, das afirmações, suspeitas e insinuações que a 'british police' "faz chegar" à respeitável nação mais velha da europa.

Anónimo disse...

O regime está a chegar ao fim e o JG já devia ter entendido que o sr. Cavaco não é a solução. Precisamos de uma nova força anímica, nem que seja uma monarquia. Homens novos, novas instituições. Eduquem o miúdo, para daqui a 10 anos termos um "João Carlos", ou melhor, o Afonso VII. Já estou por tudo, desde que se salve a democracia.
Pedro Matias
Lisboa

Anónimo disse...

Esta coisa de negócios e família parece ser típico do socialismo. Eles são muito amigos deles próprios e do seu rebanho apenas. Políticas sociais sim: mas só as que os beneficiam.

http://www.libertaddigital.com/nacional/la-via-socialista-al-capitalismo-el-caso-felipe-gonzalez-2-1276349112/

Anónimo disse...

Que esperam dos socialistas de merda? Já esqueceram que eles até metem o socialismo na gaveta quando lhes convém? Prestem também muita atenção aqueles pataratas políticos que trazem sempre a democaracia na boca, mas que no seu íntimo sonham muito com a ditadura do proletariado.