30.6.08

A SÍNDROME DO DEDINHO APONTADO

Não me parece que Cavaco Silva tivesse comprometido a independência entre o Estado e a Igreja por, após uma audiência com o Papa Ratzinger, ter-se declarado católico praticante. Anteriores chefes da Igreja católica receberam presidentes da República portuguesa que sempre exibiram, com imensa alegria, a sua condição de socialistas, laicos e republicanos sendo certo que nem o país nem o Papa se mostraram incomodados com essa exibição, nem Portugal se tornou mais vaidoso e próspero por os saber agnósticos ou do Sporting. Não vale a pena estender o manto diáfano do jacobinismo ao laicismo do Estado e, muito menos, cobrir o presidente com as suas vetustas vestes inquisitoriais e moralistas, limitando-lhe o direito a proclamar o que sempre foi sem quaisquer outras intenções.

10 comentários:

Anónimo disse...

Um destes dias, ainda dizem que Cavaco coloca em risco a igualdade entre sexos por dizer que é homem.

Anónimo disse...

desculpe...

creio que está a inverter as coisas...

o ser laico não atinge os crentes, porque os permite...

já o contrário, sabe que nem sempre assim é...

veja o Irão e antes, nos tempos das Certezas Absolutas, da inquisição, 300 anos aqui na nossa terra

de qualquer modo, esta entrevista foi de chefes do estado,

de que só é relevente em termos de opinião publica o que como tal terá sido falado...

não a religião particular do Venerando nem da Senhora Dama Primeira

nem sei aliás, se como simples católicos, teriam sido recebidos pelo Papa...

foram-no como Chefe do Estado e respectiva mulher, esse é que é o ponto

abraço

Anónimo disse...

"o ser laico não atinge os crentes, porque os permite...

já o contrário, sabe que nem sempre assim é..."

União soviética ou qualquer outro regime comunista e laico. E mais não digo...

Anónimo disse...

Não critico a afirmação do Sr. Silva. Mas o que aborrece um "bocadinho" é que talvez se seja católico para umas coisas e laico para outras. Por questões de conveniência...

Anónimo disse...

As afirmações dos homens pouco ou nada me interessam. Não é por elas que consigo aperceber-me da sua qualidade.
As acções que praticam, os actos que realizam, esses sim, permitem-me, com quase segurança, saber se se trata de homens ou de "hominhos".
Não é por alguém me afirmar que é católico praticante que eu acredito. Um pouco como S. Tomé, preciso conhecer as suas acções para acreditar.
O soba do socialismo de merda afirma, para quem ainda tem pachorra para o ouvir, que é socialista. No entanto, já esteve em dois poleiros governativos e a única coisa que fez pelo socialismo foi metê-lo na gaveta.
Recentemente, o bacharel arvorado em licenciado, irritado com o PCP e o BE por estes lhe apontarem maleitas graves, berrou na TV que não precisa de lições de esquerdismo. Mas segue a lição de Salazar.

Anónimo disse...

"Católico" e "praticante" de quê? É que nesta coisa do cristianismo, usa-se o mesmo princípio que para a "mulher de César": Não basta parecê-lo, ou neste caso afirmá-lo, é preciso demonstrá-lo. A hipocrisia e oportunismo são coisas muito feias.

Nuno Castelo-Branco disse...

Vendo bem as coisas, até uma guerrazinha religiosa dava um certo jeito. Então é que íamos ver onde parariam os valentões de ocasião. O problema é que conhecemos antecipadamente o resultado.

Jorge Carreira Maia disse...

A União Soviética não era um regime laico. Era um regime ateu, isto é, professava uma religião que negava a existência de Deus.

De facto, os regimes laicos não são a-religiosos. O laicismo significa a independência do Estado perante as Igrejas para defender a liberdade de cada um praticar a sua religião (cf. J. Locke, Carta sobre a Tolerância), sem que uma confissão detenha o poder político e force os cidadãos à conversão a essa religião. O laicismo ocidental está fundado na palavra de Cristo: Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.

Anónimo disse...

Sr. João de Sousa:

na base do seu comentário

diga-me se acha que

Ele também irá, ou sentirá necessidade de, dizer isso?

Abraço

Anónimo disse...

Absolutamente de acordo como que o caro Jorge Gonçalves afirma. Já não me parece nada apropriado (nem muito correcto) que Cavaco Silva tenha tentado a interferência do Bento XVI junto da Irlanda para a aprovação do Tratado de Lisboa. É que nem mandatado para o efeito foi: nem pelo voto nem pelo Primeiro-Ministro.