18.6.08

NÃO SEI MUITO BEM O QUE QUERO NEM PARA ONDE VOU

«As lideranças da direita continuam a fazer política como se a actual "crise" não fosse mais do que uma dificuldade temporária, feita à medida para as oposições se habilitarem à herança de S. Bento. Por isso, discutem se lhes convém ir pela "esquerda" ou pela "direita", serem mais "liberais" ou mais "sociais", na suposição de que essas coisas devem ser vistas como simples alavancas eleitorais, dispensando qualquer convicção. É esta leviandade justificada? Os portugueses estão a passar pelo mais prolongado período de divergência em relação à Europa desde a década de 1930. A Europa ameaça reencontrar os dilemas da inflação da década de 1970, com os decorrentes conflitos. Portugal, como os outros países europeus, precisa de orientações definidas com clareza e convicção. As nossas direitas não parece terem dado por nada. E arriscam-se a que os portugueses dêem por isso.»

Rui Ramos, in Público (nota: suponho que o articulista esteja longe de ser um neo-salazarista)

Nota, recorrendo a R. Aron:«[Parece-me] tão evidente a imprevisibilidade do futuro como a impossibilidade de manter o statu quo.»

5 comentários:

Anónimo disse...

Excelente análise,muito lucida.O regime saido de 74 ,e que no essencial é o regime de um poder socialista neo-totalitário que levou o País ao descalabro económico e que esconde com cada vez mais dificuldade a sua natureza profundamente repressiva e cerceadora das liberdades fundamentais,esse regime esgotou-se,entrou em agonia.Quem ,quando o Só -cretinismo cair ,quiser ser o gestor deste regime moribundo está condenado ao fracasso e dará um trambulhão monumental.Um novo primeiro ministro terá de ser alguém capaz de perceber isto e psiquica e politicamente preparado para liderar uma mudança de regime.

Anónimo disse...

esta e outras luminárias mal conseguem perceber o passado próximo, enxergam razoavelmente o presente e sentem-se os enviados dos deuses a respeito do futuro. passei o dia de hoje com um prof de economia especializado em questões relacionadas com estudos tecnológicos de médio e longo prazo. o que ouvi deixou-me aterrado em relação à europa entalada entre a ásia e os eua.em vez de entrevistar que sabe as tv entrevistam asnos politicos e outros

Anónimo disse...

Efectivamente, do que a Europa e Portugal menos precisa é de neo-S's.

Ficariamos certamente com uma das maiores taxas de analfabetismo, falta de escolas, quiça atolados numa qualquer guerra, uma economia de subsistência, etc.

Quanto á direita que temos, é bom que não se esqueça que ela é marxista-lenista ortodoxa (perfeitamente equivalente ao PC e afins, à esquerda).
Sendo assim, está à espera do Plano Quitenal para "sair" da crise.

Anónimo disse...

O que é que se pode esperar duma TV sob a alçada directa ou indirecta de políticos sem escrúpulos? Os assuntos de real interesse para o país, que deviam ser tratados ao pormenor, têm apenas uma ligeira e fugaz referência. Pelo contrário, assuntos supérfluos como o rock, o futebol e a paneleiragem masculina e feminina - que ninguém se abespinhe com o termo, pois já tenho visto muito pior em legendas de filmes que a TV passa - são tratados até à exaustão.
E depois não comentem que o povo está embrutecido, que não percebe nada de nada, pois a culpa é de quem o embrutece.

Nuno Castelo-Branco disse...

O Rui Ramos já percebeu que os portugueses perceberam e mais ainda: os eleitores da direita também perceberam. Não existe qualquer diferença entre o PS e o PSD e sempre me pareceu que o PSD tem um peso eleitoral muito exagerado, pois logicamente competir-lhe-ia um espaço idêntico ao FDP alemão. Basta passar a fronteira e ver as diferenças e como os campos políticos são mais definidos. Bem sei que o regime "do lado" também ajuda à clarificação. Por cá, enCavaquemos...