30.6.08

GABRIELE D' ANNUNZIO



Por causa do sol, vítima da "inconveniência" humana, só chego à praia depois das seis da tarde para tomar banho até às oito. Às nove da noite de sábado, o dito sol ainda marcava a linha do horizonte envolta em neblina num areal finalmente deserto. Pierre Assouline dá notícia de uma edição bilingue (francês e italiano) de poesia de Gabriele d' Annunzio, Poemas de Amor e de Glória. D' Annunzio? «Héroïque mais aussi mégalomane, mondain, fanfaron, excentrique, scandaleux et nationaliste tenu pour pré-fasciste ; mais même ceux qui l’avaient réduit à son dandysme durent reconnaître qu’il était plus proche de Byron que de Wilde, bien qu’il se soit acharné à faire de sa vie une oeuvre d’art.» Foi isso que d' Annunzio prodigalizou: soube fazer da sua vida uma obra de arte. Certamente um belo livro para ler nesses breves instantes vistos a partir de um areal deserto e que precedem a noite e a solidão.

«Comme scorrea la calda sabbia lieve/ per entro il cavo della mano in ozio,/ il cor senti che il giorno era piu breve./ E un’ansia repentina il cor m’assalse/ per l’appressar dell’umido equinozio/ che offusca l’oro delle piagge salse./ Alla sabbia del Tempo urna la mano/ era, clessidra il cor mio palpitante,/ l’ombra crescente di ogni stelo vano/ quasi ombra d’ago in tacito quadrante».

(La Sabbia del Tempo)

1 comentário:

joshua disse...

Os poetas puxam-nos, rebocam-nos mesmo, da ilusão de vivermos sem o Mar, sem Palavras Poéticas sob um Poente de Maresias.

Só depois delas é que vivemos. E venha a salsugem e venha o que vier de desolação e solidão.

(Na solidão das nossas praias, montes e planícies alentejanas, a brisa sussurrou-me uma só coisa: toda a meiga fraternidade e a intuição firme de Deus correm paralelamente ao silêncio e só no silêncio a solidão se anula).

PALAVROSSAVRVS REX