15.12.07

A PERVERSÃO OCULTA


Não conheço o Porto. Ou melhor. Passo por lá, vou lá intermitentemente - gostava de ir e de ficar mais tempo porque gosto da cidade - mas não conheço. O Porto tem sido front page nos últimos anos, nem sempre pelos melhores motivos. A "Porto 2001" foi para esquecer. A "Casa da Música", depois das pouco edificantes peripécias e dos muitos milhões, é uma espécie de "Hot Club" em ponto grande. A promiscuidade entre a política (o PS do srs. Gomes, Gaspar e Cardoso) e a bola criou nichos interditos ao escrutínio público. E, agora, a "onda de criminalidade nocturna" degrada desnecessariamente a imagem de uma bela cidade. Este exercício da PSP serve apenas para mostrar que eles (agentes de autoridade) estão vivos. O comissário de serviço foi, aliás, muito claro :«Temos feito operações deste tipo com uma frequência semanal, mostrando à população que a polícia está empenhada em tranquilizar a cidade. Esta teve mais relevo só por envolver mais meios.» "Tranquilizar" é um eufemismo que quer dizer "nós apenas podemos tocar a superfície das coisas". Não chega. O SIS, a PJ e as outras polícias devem ir mais longe e mais fundo, até àquela perversão oculta debaixo dos malmequeres.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estes profissionais da ordem nao sabem que nao e com este aproach que se resolvem coisas de mafias
Sao mesmo inocentes ou querem fazer de mim portugues?

Pedro Barbosa Pinto disse...

Pior do que criar nichos interditos ao escrutínio público, a promiscuidade entre a política e a bola criou nos criminosos o sentimento de que, misturados nas claques de futebol, estariam protegidos e ficariam imunes à justiça. Infelizmente, a lentidão desta só serve para lhes reforçar a confiança.

Mas desenganem-se os que pensam que isto é um problema do Porto. O fenómeno estende-se a todo o país. Rebentou no Porto porque aqui se concentra o segundo pólo populacional do País, primeiro em desemprego e pobreza. Portugal parece estar a voltar ao tempo em que era apenas Lisboa e o resto paisagem. Os governantes passeiam-se entre Bruxelas e Lisboa e mais nada lhes parece importar. Se ao Sul já lhe chamaram deserto, ao Norte qualquer dia chamam favela.

Se a promiscuidade entre a política e a bola criou este problema, hoje ele já nada tem que ver com o futebol como muitos dos fazedores de opinião querem fazer crer. Se o Futebol Club do Porto hoje ganha campeonatos é porque está muito mais forte que os outros. Se nas claques dos dragões se acoitam criminosos, o mesmo acontece com os restantes clubes. É um problema que compete à polícia resolver e não aos clubes.

Se se deixaram criar vícios na PJ do Porto é preciso corrigi-los e muito rapidamente. As autoridades locais mais não podem fazer do que alertar o Governo para os problemas, como muito bem fez Rui Rio já por mais que uma vez. Se desta foi ouvido, ainda bem!

O comissário de serviço da polícia portuense bem se esforça por tentar tranquilizar a população, como é seu dever aliás, mostrando que a polícia está viva. Mas quanto tempo mais a conseguirá iludir se não lhe chegam reforços? E se os tribunais a seguir não funcionarem, de que serve o esforço das polícias?

PBP, Portuense e Sportinguista

Anónimo disse...

Depois da actuação de hoje da PJ no Porto, a demonstrar que a cena de ontem foi só uma manobra de diversão, seria de esperar que quem tem anquilosado um conservadorismo tão toleirão como o deste blog fizesse a mínima menção à sua própria precipitação, ao facto de os acontecimentos serem ligeiros e não raro ultrapassarem a quem os vê em permanente hirsutez, a, enfim, às vezes um gajo se enganar e o mundo ser mais porreiro (logo, desinteressante)? Não.