17.8.07

TUDO EM FAMÍLIA



Por causa deste post e de alguns comentários, muitos deles censurados, apenas duas ou três observações. Não conheço nenhuma família exemplar. Sobretudo heterossexual. Os tribunais e as assistentes sociais que trabalham para os tribunais estão atafulhados com as "disfuncionalidades" destes sublimes agregados maioritários. Ainda ninguém me conseguiu provar que uma criança criada e educada por uma mãe ou por um pai que não pertence à "maioria" e que não comunga do ideal pequeno-burguês do "amor e uma cabana", é mais infeliz e "incompleta" do que outra qualquer. Pelo contrário, o que me chega é a notícia de um filho dessas famílias exemplares que estava a estudar em Inglaterra, que adquiriu uma neurose e que aproveitou um passeio de domingo, numa vinda até cá, para parar o carro na Ponte Salazar e atirar-se à água. O corpo apareceu uma semana depois ao largo de Sesimbra. O que me chega é a notícia de um rapaz que andou em Belas Artes, que esteve na Bélgica no Erasmus e que eu conhecia, que aproveitou uma escapada à casa de férias dos pais, onde tinha um atelier, para se enforcar. Não pretendo impressionar ninguém. Quero apenas chamar a atenção para a circunstância de, quer o ensino ("Bolonha", a botar cá para fora, para a vida material, criaturas que ainda cheiram a cueiros), quer as famílias, poderem estar a gerar perfeitos idiotas sociais ou cadáveres em férias que ignoram tudo sobre a perversidade do mundo apesar de já terem experimentado, sensualmente, quase tudo. Para conquistar o mundo, como uma pessoa, é preciso conhecê-lo primeiro. Muitos jovens são completamente desconhecidos dos seus progenitores, e vice-versa, e andam literalmente por aí às apalpadelas. Estão, aos vinte anos, mortos de cansaço e de idiotia. Fingem todos uma alegria familiar que só o papel da fotografia garante. A felicidade não se herda nem se "supôe", como sublinha indirectamente o Filipe Nunes Vicente. Só os malditos dos genes.

16 comentários:

Anónimo disse...

Boas.
Quem não sabe não fala. Não o critico nem a si nem a metade dos Portugueses que antes de falar diz "...eu disso não percebo nada mas...lalaallallaa..."
Assim me parece o meu caro hoje. Ambos os tristes exemplos que deu, um dos quais conhecia pessoalmente desde os 3 anos, sofriam de graves problemas. Coisas que eu não lhe exijo saber tendo em conta a geração a que pertence. Coisas que não existem pais que facilmente resolvam. È normal que não saiba, por ter mais idade, que com um atraso de 20 anos chegaram a Portugal um enorme numero e tipo de drogas. Ambos os exemplos sofriam de perturbações reflexas devido ao consumo de sunstancias psicotropicas (pq actuam no nosso Cérebro).
E agora levando de forma frontal a conversa para onde ela devia ter sido sempre posta, o mal em dois homens que se amam, e fazem amor um com o outro adoptarem uma criança, passa apenas pela noção de familia que essa criança venha a ter! Apenas e por e simplesmente isto. Claro que ela vai ter os seus desejos sexuais que lhe estão escritos no géne, e provavelmente será Heterosexual. Mas porque nos perdemos sempre a acusar e a defender as nossas partes, esqueçemos-nos que o que conta é viver, e viver nas melhores condições possiveis...com familias homosexuais, heterosexuais...bisexuais...zoosexuais...tanto faz.

Anónimo disse...

viver não conta para nada. toda a história humana é espelho disso.

não sei quem é o responsável por essa coisa da felicidade, mas quem tem 'isso' por objectivo, anda certamente desorientado. há coisas, quer no mundo real quer no das ideias, coisas que interessam e outras que não. 'isso' é uma das que não interessa, porque impedindo-nos de encontrar a dita, revela-nos permanentemente dolorosamente a sua negação a sua ausência.

viver mata.

como escrevia para si leonardo da vinci:
'tudo flui, nada é'

Anónimo disse...

Se o Prof. Salazar ou outro de aproximado quilate governasse não escrevia V. Exia. os dislates falaciosos que escreve contra a Família (a heterossexual e tradicional, ou acha que era outra?) que o Prof. Salazar acentuava bem não discutir. Ah, mas não escrevia mesmo. Ou duvida?

Anónimo disse...

Não posso comentar nada disto.
O que posso fazer, e faço-o, é dizer-vos que tenho uma família genuínamente tradicional e feliz. Tivemos condições materiais e afectivas para a poder ter, isso é verdade, mas também nenhum de nós desperdiçou o que Deus nos deu desde há, precisamente, 25 anos. Daqui por mais 25, voltarei a fazer o ponto da situação. Se formos vivos ... e o João Gonçalves ainda estiver por aqui.
A vida não é simples, lá isso não é, e muito menos hoje, com "cardápios de vida" que decuplam as mistificações de há 30 ou 40 anos ...

Anónimo disse...

Da juventude:
a) Eu tambem não me posso queixar em relação aos meus dois herdeiros.
Mas tive algumas 'facilities' que hoje não vemos em lado nenhum:
Uma organização deportiva no liceu, a Mocidade Portuguesa, que me permitiu, tendo vindo da aldeia aos 10 anos, saber o que é um chec-up médico ali pelos 15/16 anos de idade, (início dos anos sessenta)- que hoje não há!
Uma prática desportiva, gratutita, à disposição da maioria dos estudantes - que hoje não há.
Dada a filosofia do JG, não posso deixar de mencionar uma frase (ou o seu sentido) de um folheto da MP:
«remar é dizer ao oceano, deixa passar que vai aqui um homem» (Salazar, a sério).
Que lamentava ainda, não ver o Tejo de um antigo país de marinheiros, mais preenchido pela sua juventude.
b) Hoje, há por aí um Instituto Portugues da Juventude.
De utilidade mais que duvidosa.
c) E temos as TV's, os melhores auxiliares de instrução (as imagens), a deformar sitemática e profundamente as crianças e jovens em idade de estudar, de serem formadas.
Benefícios da falta de 'censura'. No mínimo, da falta de direcção de quem se quer governante ou político.
c) Com um ensino que não deve ser exigente com as criancinhas, quase até à idade adulta,
sem a malfadada tropa, que apesar dos seus defeitos, muita falta tem feito ás juventudes partidárias,
o futuro, promete.
d)Bom concerto, viva a música.

Anónimo disse...

Mas o que é uma família exemplar?
Quem tem uma família exemplar?
Esta geração dos trintões (?!?) é muito ingénua para escrever posts destes. É conservadora. Mais conservadora do que os pais.É o resultado dos 30 anos de políticas de ensino imbecis também.
Eu sou mãe de 3 adolescentes.
Eduquei-os o melhor que pude e sabia.
Família exemplar?
Credo!!!!

Anónimo disse...

Nasci e cresci numa família tradicional. Não era exemplar, mas o que é isso de exemplar? Fui e sou feliz tanto quanto se pode ser, neste mundo. Construí uma família também tradicional, e somos todos funcionais e não ocupamos o tempo da assistência social.
Nada tenho contra outros tipos de família nem tenho a pretensão que a minha é a melhor.
O mesmo não se passa consigo, pelo menos da leitura deste post. Quem o lê ficou a pensar que o João afirmou que as famílias tradicionais são todas disfuncionais! Pouco faltará para pedir a sua proibição...
Há ajuda para etses casos...

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves, a tua misoginia e o teu militante pavor do casamento levam-te a desconsiderar, militantemente, o instituto da família, sem que percebas, suponho eu, que o problema não se centra na fórmula que une as pessoas mas na qualidade das pessoas propriamente ditas. E, pessoas boas funcionam bem em qualquer tipologia contratual, mesmo no casamento. Tal não significa que a família seja imaculada, sem pecado,... porém, não conheço, ainda hoje, melhor modelo existencial do que o da família heterossexual. Tem defeitos, muitos defeitos é certo, mas, tal como a democracia na política, a família (reprodutiva, se possível) ainda é o mais sólido núcleo social. Foi-o no passado, é-o no presente, e será sempre assim enquanto houver humanidade. As modas, as diferenças de modelo ou orientação sexual, as relações humanas de geometria variável são realidades insofismáveis desde há séculos que nunca fizeram soçobrar a essência da família, mau grado as disfunções episódicas que ocorrem em qualquer organismo, pessoal ou social.
Nesta estória do casamento tomas a parte pelo todo e tendes a transformar a tua visão, absolutamente subjectiva, numa verdade dogmática.

Anónimo disse...

Isto tudo está de feição para os homossexuais. Com esta crise toda, só eles têm tempo e dureza para fazer política. Os outros, têm de cuidar das mulheres, ou dos maridos, dos filhos, das necessidades mais básicas.
Quanto mais a crise se acentuar, mais os homossexuais terão importância, mais o seu corropio sexual que lhes dá força e essa dureza.
O caso do Paulo Portas é um exemplo disso. O Sócrates diz-se por aí que também (será isso que faz a sua força?). Salazar nem tempo teria para uma família, se quisesse.
Apenas resta saber se as soluções que os homossexuais nos fornecem serão as mais adequadas. Eu desconfio que não, pois eles vivem fora da vida que faz realmente girar o mundo. Eles são uma espécie de super-homens, de uma frieza e crueldade inimagináveis. Porque a própria relação homossexual, sobretudo a masculina, é na maioria das vezes dessa natureza cruel e absolutamente predatória.
De certa forma, o tempo do Salazar, no qual a homossexualidade era ou escondida, ou perseguida, conforme as conveniências, estava certo.
Seria muito salutar que esses homossexuais todos saíssem da política.
Mas como estamos à beira do fim desta civilização, temos de os aturar.
Já agora, a crise da Igreja Católica tem a ver com isto também. Pudessem os padres casar e lá se ia a crise da dita. Também esses, os padres, vivem bem fora do mundo e grande parte deles não tem a mínima compreensão dele.

Anónimo disse...

E qual é o mal em ter ou tentar ser uma família exemplar? Eu amo a minha mulher e transmito esse exemplo às minhas filhas. Tento ser polido, cordial com todos os meus próximos e colaterias. Acredito que a união familiar é uma força e uma ajuda essencial! Que ninguém duvide que uma das razões de Portugal estar como está – sem esperança! – é o abastardamento das famílias portuguesas enquanto núcleo formador de carácter e afecto.

Anónimo disse...

Especialmente vindo de ti e apesar de tudo, é surpreendente...
E o que diria o teu querido Salazar deste teu escrito? Ficaria, no mínimo, perturbado...

Anónimo disse...

Se fosse uma mulher a escrever as torpezas que você escreve, todos diriam dela que "era mal fornicada" e, por isso, disparatada e sem nexo.
Será que é esse o seu problema?

Anónimo disse...

O velho Freud dizia acertadamente que «le sexe rends fou». Só pode.

Anónimo disse...

para o JG:

"Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim - meu principal motivo
De insatisfação.
Diante de qualquer adoração,
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso."

Anónimo disse...

JG, apoio tudo o que escreve aqui, ainda que inserida numa família que suponho (?) equilibrada (?)
Mas, quem poderá classificar tal ‘coisa’, ou saber o que se seguirá?
Ou melhor, quem controla os devaneios e a necessidade de deambular pelo desconhecido, mesmo que inóspito ou ameaçador?
Ou então, que garantia de êxito têm os lugares comuns sobre comportamento(s) que se impingem aos nossos colaboradores? Aos familiares? Aos descendentes?
Que fazer, ou, e daí? Daí que tem que existir uma permanente descontracção para aceitar os meandros e os resultados dos comportamentos alheios. E, já agora, sinto que alheio é tudo o que nos rodeia, incluindo o nosso próprio corpo e aquilo a que alguns chamam o nosso espírito.
Cordialmente
MJE

dorean paxorales disse...

Caro João Gonçalves,

"Amor e uma cabana" é o oposto do ideal pequeno-burguês. Aliás, aí reside uma das principais fontes de infelicidade das nossas sociedades. Vontade de sair de casa não falta mas o sítio para o fazer não está ao alcance de todos.
Resta-lhes a união com o parceiro da altura e a junção de dois salários que cubram o crédito com que se pode colorir o dia-a-dia.
Isso obriga ambos a trabalhar em empresas que instituem a filosofia das 15 horas de trabalho diário, mesmo que estas sejam desnecessárias; não há tempo para amar crianças e formar adolescentes.
Desculpe lá mas não há melhor exemplo de um ideal pequeno-burguês que essa felicidade a prestações, tenham os desgraçados 20, 40 ou 60.