16.7.04

 A OCASIÃO
 
Devemo-nos preparar psicologicamente para a próxima prédica de Jorge Sampaio, alguém que trocou o remoto oriente como férias, por um deslumbramento tardio pela aventura.  Lopes, visita agora habitual de Belém, tomará posse algures na semana que vem.  Evocará as estrelas, o céu e Sá Carneiro, tendo sempre o cuidado de nunca lavar a boca primeiro. Sampaio, esse, apresentará mais uma prosa retorcida onde revisitará os seus fantasmas de sempre e os demónios que presentemente o "atormentam".  Pode até haver lugar a uma "furtiva lágrima", uma vez que se juntam dois "emotivos".  Tentará explicar o inexplicável e "responder" aos que, e bem, o vêem já só como a flor de plástico na lapela de Santana.  Desde o 25 de Abril, tinha havido um pouco de tudo nos corredores e nos gabinetes do Palácio de Belém. Quase tudo, afinal.  Faltava Santana e o seu "tutor" amestrado, Sampaio. Um PR deveras original que assiste, solenemente mudo e grave, à apresentação às "pinguinhas" dos nomes que Lopes vai tirando do bolso. Cada nome, todos os nomes, passam naturalmente a ser  os novos "homens do Presidente". As honoráveis cãs de Álvaro Barreto pôem Sampaio em respeito, como ele, aliás, gosta que o ponham. A seriedade burocrática do futuro ministro dos negócios estrangeiros também.  Faltam os outros, a verdadeira "nata" do novel escol santanista-portista.  Para não perturbar o transporte do seu aliado belenense, Lopes deve apresentar estes "em pacote". Os amigos são para as ocasiões. E, como diz o "nobre povo" do hino, a ocasião faz o ladrão.



Sem comentários: