26.7.04

COMO DANTES

Santana mandou distribuir umas pequenas parcelas do poder pela "província". Até reservou para ele um gabinete no Porto, tal como o rei de Marrocos possui um palácio em cada cidade do país. Falhada a remoção de ministérios inteiros para as badanas do território, Santana compeliu alguns dos seus segundos ajudantes a se "deslocarem", certamente apenas pelo prazer da deslocação. Em Braga,  por exemplo, o Sr. Pedro Duarte, da "juventude" e uma notória e promissora "cabeça", é o que estava a fazer mais falta aos "jovens" do distrito "mais jovem". Amaral Lopes, agora dos "bens culturais", vai para Évora, como podia ter ido para Sintra, Braga, Guimarães ou Coimbra. Como é muito compostinho e gosta imenso de agradar, até fez um comunicado público a explicar o bom que é passar a trabalhar ao pé do Templo de Diana. Quase em uníssono, os restantes ajudantes, depois de uns murmúrios malignos em sentido contrário, fizeram saber que esta ideia é genial. Isto resolve algum problema ao país ou às cidades em causa? Não resolve. Isto obedece a algum estudo ou desígnio previamente amadurecido? Naturalmente que não. Um gabinete de membro do governo é só isso, um gabinete, feito de um chefe, de uns adjuntos, de umas secretárias e uns motoristas. Não é a vaga transumância destas pobres criaturas que vai mudar a essência das coisas. Os inerentes e inertes serviços "tutelados", que são os que verdadeiramente "andam aos papéis" e com os papéis, continuam tranquilamente em Lisboa. Esta maravilhosa ideia serve, se já houver "folga", para pagar umas quantas ajudas de custo, para uns passeios de ida e volta dos directores-gerais e respectivos serventuários mais directos, e para aumentar os custos em telemóveis, em "logística" e em transportes. Também ajuda naturalmente à insinuação, sempre oportuna, dos vizires locais. De resto, passada a excitação inicial, tudo ficará como dantes.
 
P.S.: Percebi, pelas notícias, que o "programa do governo", descontados uns lugares-comuns sobre "contenção", et pour cause, não prevê quaisquer limites ao endividamento dos vizires os quais, de imediato, exultaram com a prebenda. Quem é amigo, quem é....

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