10.4.11

CONTRA OS LUNÁTICOS DE MATOSINHOS E DE OUTROS LUGARES


«Salazar, num momento de particular malevolência, observou que era tanto o amor dos portugueses pela democracia que, sempre que surgia um sarilho (por exemplo, uma crise financeira), nunca deixavam de exigir um governo “nacional”: ou superpartidário ou extrapartidário ou, pelo menos, de “concentração partidária”. Foi isso que exactamente fizeram ontem 47 luminárias da nossa praça, que numa linguagem mais moderada (ou mais disfarçada), como convém à época, apelaram ao compromisso, à concórdia e à mansidão dos portugueses, para que uma “maioria inequívoca” pudesse tranquilamente salvar Portugal. Estes grandes vultos vão de Adriano Moreira a Jorge Sampaio, de Artur Santos Silva a Eduardo Lourenço e de Freitas do Amaral a Mário Soares. Não falta por onde escolher. Entretanto, o político mais “desagarrado” do poder (desculpem a palavra) ia a Matosinhos tratar da sua periclitante situação. “O PS está todo comigo?”, perguntou ele. O PS estava fervorosamente, absurdamente, histericamente com ele. Este jornal classificou a coisa como “um extraordinário momento de propaganda”; e com razão. Não me lembro de ouvir nenhum primeiro-ministro pedir com tanto descaro num congresso a confiança pessoal, que Sócrates pediu. Ou, se por acaso me lembro, é melhor não infectar a ferida. De qualquer maneira, se o PS gosta de um autocrata, nada o impede legalmente de escolher um. Ainda por cima, aquele que tem uma máquina de campanha organizada e perfeitamente ensaiada e uma estratégia eleitoral que, talvez seja fraudulenta, mas parece eficaz. Claro que a um observador racional não custa ver a solução evidente para a terrível crise, que atormenta os 47 advogados do compromisso: uma coligação entre o PSD e o CDS, com listas conjuntas. Por um lado, há razões para desconfiar que, dividida, a direita (ou se quiserem a direita e o centro-direita) não irá conseguir a maioria absoluta e produzirá um parlamento tão instável e estéril como o último. E, por outro, subestimar Sócrates, que voltou ao seu velho papel de “animal feroz”, não é muito sensato. Uma forte e sólida aliança entre o CDS e o PSD estabeleceria uma certa confiança e ordem no Estado e no país, sem derivações suspeitas das regras da democracia e o conúbio torpe de gente que do coração se detesta. Pedro Passos Coelho precisa de perceber isto enquanto é tempo; e parar de uma vez com o joguinho interno em que se perde e nos perde.»

Vasco Pulido Valente, Público

16 comentários:

Anónimo disse...

Depois de ter sido noticiado que Fernando Nobre, sem nunca ter sido deputado (mas depois de apoiar tudo e o seu contrário) é o cabeça-de-lista do PSD por Lisboa e ainda por cima candidato a Presidente da AR (vai ter de tirar a correr um curso das Novas Oportunidades) claramente se percebe que vale tudo na caça ao voto.

por mim, lá terei de votar nulo, outra vez.

Mário Abrantes disse...

O congresso do PS foi um momento de absoluto vómito, onde a pequenez foi rainha. Haverá forma de pedir para não pertencer ao mesmo país desta gente?

Mani Pulite disse...

CONTRA OS ALIENADOS DE MATOSINHOS E A BRIGADA DA FERRUGEM A ESCOLHA DE FERNANDO NOBRE É MAIS DO QUE ACERTADA.

Anónimo disse...

Mas, para quê esta cena das listas? Se for para ganhar "à rasca" (esta expressão horrorosa, passou a ser "cool"), não vale a pena... Tem que ser "landslide" (com afundamento do incrível peiésse) e, para isso, têm que ir separados. Esta gentinha que opte... Eu ainda não decidi, mas é por um deles.

PC

Anónimo disse...

Quoque Tu, Vasco ? Então o articulista, também justamente pertencente ao escol das luminárias nacionais tugas, para repudiar o desejo fremente dos outros grandes vultos da nação, sugere o quê ? Uma coligação partidária ... Ó pobres almas lusitanas, há 900 anos c(u)ligadas com a branda mansidão mental ...

Anónimo disse...

Ganhei o dia: assim penso também, sobre todos os pontos. Até tinha pensado em Salazar - e de como agora me parecem explicadas as adesões que teve - e nesta solução insólita e medrosa dos 47.

Anónimo disse...

Caríssimo João Gonçalves:

http://www.youtube.com/watch?v=dQPI6Z1aZY0

E agora?

Rita

Hermitage disse...

ATÉ UM DIA, MEU PAÍS...

Pôr o Nobre a Presidente da Assembleia da República, não lembrava ao diabo e é um tiro no pé do PSD, que vão pagar caro.

Faz lembrar a Pintassilgo, Deus a tenha.

Quem é o Homem, politicamente?

Que defende para além das vulgaridades que disse em campanha, baseado numa missão que não se julgava servir para presidenciais, andando pelo País a abrir núcleos que se anunciavam meses antes para alargar a AMI e que, meses depois, serviram para a campanha?

Como pode haver promessas de Presidências, sem que os pares parlamentares sejam conhecidos e ouvidos, depois de eleitos?

Este tipo foi adversário e opositor de Cavaco. Como pode o PSD lançar quem vem de ser derrotado por Cavaco, depois de projectado por Soares?

Teve votos? Então que vá de novo a votos, reconfirme para o parlamento sózinho, sem ajudas nem prebendas saloias...

Diz que foi difícil aceitar o convite e que se mantém independente. Então espere por circulos uninominais e depois expire o ipiranga da autonomia. Agora no carrinho de quem vai ganhar as eleições?

Este xico-espertismo do PSD/PPC é muito parecido com o de Nogueira quando foi buscar o VPValente, aprovou legislação moralizadora dos costumes políticos e saiu-lhe o tiro pela culatra, e foi trabalhar o BCP do Jardim Gonçalves.

Ou o Santana quando levou o Partido da Terra, para animar ainda mais a comicidade parlamentar e foi remetido para comentador marcelino.

Esta decisão do PPCoelho é parola, imatura, oportunista.

Parola, porque agrada parolisticamente a um suposto "referencial"...

Imatura, porque ainda que admitida, olham-se os pratos da balança, e é um negócio da china para o dito...

Oportunista, porque devia ser ele e não o PSD a pedir a oportunidade.

Podem vir a ganhar as eleições mas como manifestação de segurança política e estratégica é de fugir.

PPCoelho e a sua entourage tem ali qualquer coisa que não bate bem. Deus queira que o Povo não aprofunde...há ali qualquer coisa de relvas, de marcos, demasiado apressado e arrivista...

Em vez de se mostrarem estadistas de projecto, chamarem o CDS e fazerem listas conjuntas e lançar no País um reforço de projecto alargado, andam a perder tempo com nobres de "decisões difíceis".

Com decisões destas a regeneração vai continuar adiada.

Depois de um louco na negação durante anos, sai-nos um porreirinho a consolar nobres...

Até amanhã, até um dia destes, meu País...

JMMJ disse...

SE NÃO FÔR POR ALGUMA INTERVENÇÃO SOBRENATURAL,COM PASSOS COELHO ESTAMOS TODOS ARRUMADOS.
NÃO É MAIS DO QUE UM COLEGIAL RETARDADO,DE RESTO COMO MUITO BEM O TEM DEMONSTRADO NAS SUAS HILARIANTES PROPOSTAS E ZIG-ZAGUES,DESDE QUE FOI ELEITO.
A ISTO ESTÁ REDUZIDO PORTUGAL!

joshua disse...

Também me pareceria sensatíssisma essa coligação prévia.

João Sousa disse...

Reparei agora, por mero acaso, nesta quase-coincidência: 47 luminárias, quase uma por cada ano de Estado Novo.

Anónimo disse...

A resposta a este artigo pelo Sr Dr Pedro Passos Coelho, foi convidar o Sr Dr Fernando Nobre a ser o primeiro da lista de Lisboa do PSD e Presidente da Assembleia da República.
Até agora só tiros no pé e golos na própria baliza.
Esteve ano e meio a preparar o quê?

Anónimo disse...

Vão ter paciência.
Vão ter Sócrates outra vez.
Sorry.

paulo disse...

É curioso que a vossa direita critica Passos Coelho e nunca fez o mesmo com Cavaco Silva. Quem foi responsável por ter deixado o país onde está? Teve muitos motivos para mandar embora a má moeda e nunca o fez. Um presidente do partido que recusou até figurar em campanhas do PSD, que deixou o País entregue a guterres com o tabu. Que promoveu a que do seu partido. Que comprometeu o País pelo seu unico propósito de ser reeleito? E neste ultimo caso em que foi novamente humilhado por sócrates, foi incapaz de o demitir? E quanto a Portas? Alguém se lembra do Independente? Do apoio aos governos PS? do caso portucale e dos submarinos? Eu não gosto de Nobre. Nem me revejo na ala liberal de Passos Coelho, mas percebo a importância de ter alguem da área social quando o maior ataque que lhe é feito é precisamente o perigo liberal. O ataque que vai ser feito por sócrates girará como tem girado, nas cassetes do serviço nacional de saude, na educação e nas questões sociais. Nobre é uma boa resposta para isso. Talvez o lugar reservado em lugar de vitória do PSD não seja o parlamento mas alguma pasta no futuro governo.

fernando éfe disse...

Ò Gonçalves: cite mais o vasco Pulido Valente, cite. É da maneira que o blog sempre tem algum nível. Nível, valor, inteligência e lucidez cirúrgica. Se não, é uma.

Anónimo disse...

As 47 luminárias que vivem da reforma que lhes pagam os portugueses estão com medo de que lhes baixem as reformas. Deixem Sócrates tratar do FMI, e vamos ver o que vem aí