4.3.10

DESISTÊNCIA


Uma criança de doze anos atirou-se ao Tua. Aparentemente os colegas de escola divertiam-se a massacrá-lo com aquela crueldade acéfala típica dos adolescentes em bando. Isto é uma tragédia que a tagarelice estéril em que estamos envolvidos não deixa perceber. Quando me vêm falar da "família" e do "papel da família", eu pergunto: onde é que está a "família" e o "papel da família" aqui? Da escola, nem vale a pena falar porque há muito que se transformou num tugúrio mal frequentado. Esta desistência da vida aos doze anos devia envergonhar-nos a todos. Mas para isso era preciso que tivéssemos vergonha.

35 comentários:

Unknown disse...

É lamentável que as práticas de intimidação (o bullying) não sejam detetadas a tempo e horas para se evitar uma tragédia dessas. Se não há intervencão imediata por parte dos funcionários escolares, os pais podem não se aperceber, a tempo e horas, do que se está a passar com os filhos. Muite triste mesmo.
“O grito” de Edvard Munch foi muito bem escolhido para este post.

Maria Tuga disse...

É pena que se tenha deixado de falar nos media sobre o suicidio de jovens, que infelizmente tem números significativos no nosso país. Possivelmente isto é resultado da sociedade em que certos valores se estão a desvanecer. Vejo por ex. jovens na rua, em filas, ao telemóvel a dizer palavrões e ninguém diz nada! Eu, digo-lhes que estão na via pública e mereço respeito...Somos TUGAS.

Sérgio Costa disse...

Caro João Gonçalves,

Concordo com o que escreve mas é preciso lembrar que a única novidade é o nome estrangeiro porque as práticas são tão antigas quanto a humanidade.

Cumprimentos

Unknown disse...

Sérgio Costa,
"As práticas são tão antigas quanto a humanidade", certo. Mas há limites para tudo. Na minha adolescência frequentei diversas escolas e numas o "bulliyng" era praticamente inexistente enquanto noutras era mais violento. O que mostra que é um fenómeno identificável e controlável. Haja vontade.

ASHA disse...

Eu sou professora e tenho vergonha. E muita raiva também. E ainda mais vergonha e mais raiva por tudo ter funcionado "normalmente" naquela escola e nesta espécie de sociedade no dia seguinte.

Karocha disse...

Eu sou mãe, o meu filho mais novo, quando andava no 8ºano foi alvo de "buliyng" e não esteve de modas, como é forte psicologicamente,começou a praticar ginástica a sério,e fez-lhes frente!
Nem todas as crianças são assim.
Quando ouvi a noticia tive um aperto de coração!
Que raio de Pais é este?
Os professores não vêem?
Os país não dão por nada?

Anónimo disse...

bom, para começar é mudar o estatuto do aluno.

radical livre disse...

"semos" um país de "brandos cosstumes"
e clima (que lima)ameno.

não há corrupção.

ninguém bate em ninguém e aplaudem quando tal acontece.

os cacos da família estão no caixote ao lado do que resta duma sociedade minimamente decente.

oásis de cafres

Anónimo disse...

Ainda me ponho a hipótese de uma brincadeira. Poder-se chegar a um desespero desses aos 12 anos é uma ideia lancinante. Não percebo porque escreve crueldade acéfala. A crueldade pensa e reflecte.

iupi disse...

Durante reunião de profs um deles diz que sempre que o apanha tira-o e só o devolve no fim da aula. directora de turma:
- se fosse a ti não o voltava a fazer. um dia deste arriscas-te a teres a mãe á porta da escola à tua espera 'com uma carga de porrada'.

fica solteira? ou casa-se com todos?

javali disse...

Provavelmente, não foi só por causa do assédio dos colegas. Estas coisas não são lineares.

Anónimo disse...

Crueldade acéfala típica dos adolescentes em bando quando frequentam escolas em que os responsáveis todos se inibem de encarar o problema e o atiram para debaixo do tapete. Como se pode verificar na respectiva secção do site da GNR, as últimas estatísticas e relatório da Escola Segura são de 2006 e os dados que lá estão sobre número de agressões devem ser tão fiáveis quanto o PM.

Anónimo disse...

Francisco. O fenómono era mais controlável. Era! Onde reside hoje a autoridade? Os gandulos são obrigados a andar na escola, mesmo que não queiram. Mesmo que andem lá para criar indisciplina e confusão. Dizem que este é o caminho do progresso e da modernidade. Eu como sou muito antiquado, não acredito.

atosk

Anónimo disse...

Isto é o EDUQUÊS e a COMUNIDADE EDUCATIVA no seu melhor.
Outro exemplo que tem tudo a ver:
Hoje, a turma da minha filha (11ºano) apresentou-se para teste a matemática. A professora estava lá, os alunos queriam fazer o teste hoje e... a subdirectora da escola não autorizou porque havia greve.
Parte do problema deste sítio é este: vou-me queixar de quê a quem?

Anónimo disse...

Vergonha é ter um representante da associação de pais como a dessa escola de Mirandela, para quem é necessário minimizar esta questão!

DL disse...

Fiquei agastado com essa notícia, não só pela criança, mas também vivo todos os dias a rebaldaria que se instalou dentro das escolas. Há alturas em que se torna insuportável. E se é assim para mim, que sou adulto, calculo o que seja para alguns alunos.
Situações de barulho infernal, gritos, insultos, empurrões, ofensas físicas e verbais, roubos, e perseguições, são às dezenas diariamente. Não há capacidade de processar todas as situações do ponto de vista disciplinar, porque o estatuto do aluno prêve um autentico tribunal em cada caso. Judicialização da escola. Se se fosse dar tratamento disciplinar a cada uma das centenas de situações que ocorrem, não se fazia outra coisa. Perante isto os prevaricadores estão protegidos, porque por muito repreendidos que sejam, não passa disso. É a impotência total.
Quem sofre? Os professores em primeiro lugar, que desta forma veem o seu local de trabalho transformado num autentico inferno. Ninguém imagina o desgaste psicologico que estas situações provocam nos docentes. Deviam imaginar e saber, antes de abrirem a boca contra os professores.
Depois os alunos, principalmente os cumpridores, que veem o seu trabalho constantemente boicotado pelos palermas que andam na escola apenas a martirizar e a infernizar os outros.

Anónimo disse...

Meu caro e estimado João Gonçalves;
Eu próprio, na qualidade de pai, também já sofri muito precisamente pelas mesmas razões que supostamente levaram esta criança, de apenas 12 anos de idade, a desistir de viver. Vi-me na necessidade de tirar o meu filho da escola dos 2.º e 3.º ciclos que frequentava, porque todos os dias era o "bombo da festa". Cheguei a reunir com os directores de turma e até professores das diferentes disciplinas, e todos encolhiam os ombros. A própria presidente da comissão de pais, que por sinal trabalhava e trabalha num tribunal de família e de menores, tinha (e tem) um filho que eras do que mais agredia física e psicologicamente o meu filho. Cheguei a falar com ela telefonicamente, contando-lhe o que sucedia constantemente, inclusivamente que o filho dela retirava, sob ameaça física, o telemóvel ao meu e com ele fazia telefonemas para quem queria, gastando-lhe desta forma o dinheiro do carregamento que eu próprio efectuava. Mas a senhora desculpabilizava sempre o seu filho, dizendo que era tudo a brincar. Estas situações levaram a que o meu filho, já no 11.º anos, que até então tinha passado sempre de ano, chegasse a Março de 2006 e desistisse da escola, não mais lá voltando, alegando que aquilo que lhe faziam diariamente era indecente. Estive prestes a perder a cabeça e a cometer uma loucura. Felizmente consegui conter-me. Sou católico praticante. Tanto eu como a minha mulher (que também é professora) e o meu filho tivemos quase um esgotamento.
É uma vergonha o que se passa nas escolas deste País. Retiraram a autoridade aos professores e deram toda a liberdade a quem não sabe fazer uso dela.
Muito havia para lhe contar sobre este meu caso, mas não quero maçá-lo mais.
Obrigado.

Anónimo disse...

Estas coisas acontecem por todo o lado e infelizmente só assomam ao grau de preocupação,quando vêm aos jornais e TV's.
Dizer-se que professores e demais técnicos de educação não sabem,é tapar o sol com a peneira.
Os professores já foram alunos,não há para eles matéria estranha ou desconhecida aqui.

Além deste género de violência,acontecem situações de extrema gravidade em algumas escolas e a falta de coragem e a pressão sobre os jornais,feita por comissões para desigualdades várias,leva ao silêncio.

O futuro para os portugueses é escuro,muito escuro...

M. Abrantes disse...

O principal objectivo, na sequência deste caso, de algumas das pessoas que estragam a escola em Portugal, vai ser evitar que os jovens agressores fiquem traumatizados.

Em Portugal não se fala de indisciplina na escola, a não ser quando ela se manifesta das piores formas. E, nessas alturas, não se discute nada. Vivem-se uns dias do mais grotesco histerismo, e depois o assunto é varrido da história.

Ah, a não esquecer, vão aparecer os 'porreiro, pá!' do costume, a dizer que isto foi um acidente, a brandir estatísticas que apontam o bem estar dos alunos na escola portuguesa como do melhor que o mundo conhece. São os habituais politiqueiros, que não sabem nem querem saber, só servem para afirmar vacuidades que treinam desde pequeninos nos partidos de que se servem.

Anónimo disse...

João Gonçalves,
Da notícia do público:

"Os supostos agressores já foram identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo na própria escola. "

Puta que pariu esta gente que devia estar toda na cadeia (os post-rousseaus psicólogos de merda e os "supostos" alunos agressores). Se um dos palhaços dos que batiam a torto e direito no coitado do Leandro fosse meu filho, o tipo iria passar os próximos 20 verões a acartar baldes de cimento nas obras.

MINA disse...

Trata-se de uma questão da nossa sociedade. Os rapazes e as raparigas (que ainda são piores) que constituem a nossa sociedade excedem na sua ordinarice e malvadez tudo o que há de pior na Europa, salvo talvez na Inglaterra. A sua linguagem e os seus actos envergonhariam (se vergonha houvesse) uma nação inteira.

A culpa é da família (deste tipo de família, em dissolução irreversível e para que urge encontrar alternativa), da sociedade de consumo (levada a extremos que, antes que a mesma se desintegre, produzirá os mais terríveis efeitos), da educação nas escolas (que, atingiu o inimaginável sem que ninguém lhe ponha cobro), das autoridades policiais (que estão mais preocupadas em aplicar multas do que em fazer cumprir a ordem e a tranquilidade social), etc.

Por isso, não me venham falar da inocência das criancinhas, que é um "cliché" que deveria ser corrido a tiro de pistola. As criancinhas de hoje são mais experientes, em tudo, que a maior parte dos adultos e não têm respeito a ninguém, desde a mais tenra idade.

É POR ISSO QUE, POR TODA A PARTE, SE OUVEM AS GENTES CLAMAR POR UM CHEFE QUE META O PAÍS NA ORDEM!!!

Depois, não se admirem.

Leone disse...

Deixo aqui uma citação de Gandhi:

«Não há escola que se iguale a um lar decente, nem professores que se igualem a pais virtuosos e honestos»

fado alexandrino. disse...

Parte do problema deste sítio é este: vou-me queixar de quê a quem?

No seu caso deve queixar-se da professora que não soube impor, digo bem impor, a sua autoridade e fazer o teste.
É assim que se começa.

Anónimo disse...

Testículos negros, perfurações por ferradela, dentes partidos, nódoas por todo o corpo e lesões provocadas por paus a milímetros dos olhos são coisas que acontecem sem que haja reacções eficazes, sendo os episódios encarados como isolados, quando não o são de facto. Quem fica de facto espantado são os médicos no hospital e a Escola Segura, não a escola. Ao nível do agrupamento todos os sinais apontam no sentido de irresponsabilidade ao ponto de aparentemente não perceberem sequer a relevância e impacto definitivo do tema na vida das crianças. Conheço mesmo um caso em que a professora foi abordada por um pai e ao fim de uns minutos confessou que nunca tinha ouvido falar desse tal de "bumiling". Parece que se está a lidar com bichos do mato.

José Maia disse...

O trabalho infantil até nem era mal pensado para uma boa percentagem de alunos ainda mais selvagem na escola do que se fosse analfabeta. Se não se interessam pela escola dariam rumo à sua vida como aprendiz de algum ofício... em local de trabalho. Matavam-se 2 coelhos de uma cajadada!

ANA LAURA disse...

HORRÍVEL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1111

Xico disse...

Educação sexual. O que é preciso nas escola é educação sexual...e o estatuto do aluno.
Estou a ser irónico mas não posso esquecer a dor imensa de quem está a viver esta tragédia.
Infelizmente já não é a primeira a que assisto. Há coisa de uns 15 anos atrás, conheci um caso igual.

Anónimo disse...

Num país a sério, o ministério da educação seria o 1º a averiguar na escola porque não foi tomada nenhuma medida para evitar a repetição das agressões ao miudo!

Anónimo disse...

«Que raio de Pais é este?
Os professores não vêem?»
Karocha

Claro que não. A violência ocorre em locais onde os professores não estão. Nos fundos, nos pátios, nas casas de banho dos aluos, no exterior das escolas...

Anónimo disse...

«As criancinhas de hoje são mais experientes, em tudo, que a maior parte dos adultos e não têm respeito a ninguém, desde a mais tenra idade.`

Que têm pouco ou nenhum respeito, concordo. Que têm mais experiência, não posso estar mais em desacordo. O que têm mesmo é muita mania que sabem.

Vera disse...

Concordo :-)
Sobre isto também escrevi ontem, em http://vekikiprojects.blogspot.com/2010/03/sera-o-bullying-o-unico-culpado.html.
Bom Dia

Merkwürdigliebe disse...

Xico, e não esquecer os crucifixos nas escolas. Os crucifixos! Ou as chouriças, como lhes chamava uma senhora dona deputada da nacinha.

Anónimo disse...

Estes acontecimentos deploráveis que são o dia-a-dia das escolas portuguesas, têm também a sua génese no facilitismo que os últimos governos implantaram no ensino oficial.
Os muitos "alunos" arruaceiros e já com algum estofo de criminosos que frequentam as escolas, são aqueles que um dia mais tarde concorrem às "Novas Oportunidades", e portanto, sabem que mesmo que não saiam impunes dos seus actos cobardes, terão sempre a possibilidade de lhes ser oferecidas de mão beijada, as habilitações que necessitem sem qualquer esforço.
É inevitável que tenham de se tomar medidas drásticas, sob pena de estes casos se tornarem demasiado corriqueiros, e porem em risco a própria sociedade.
Ao terminar não quero deixar de enviar um profundo pesar e um abraço de solidariedade a esses infelizes pais.
Cps
S. Guimarães

Francisco Castelo Branco disse...

concordo inteiramente com o que foi dito no post e na maioria dos comentarios

ADM disse...

Caro amigo,

Isto é mais um indicador do Portugal que Lisboa se esquece.