«Viemos de anos de ambições falhadas, de promessas delirantes, de reformas que não reformaram nada ou deixaram tudo manifestamente pior. Fomos vítimas passivas de grandes planos, que desapareceram na impotência ou na irrelevância. Passámos por várias "modernizações" para acabar no atraso do costume. O "activismo" de Sócrates, de que ele esperava, e anunciava, maravilhas, deixou o país cansado e na miséria. A política e os políticos perderam qualquer espécie de crédito. O cidadão comum oscila entre o cinismo e o desprezo. Talvez que, neste vácuo, "um pessoa séria em quem se pode confiar" faça a diferença. Nos debates de televisão, Sócrates, Portas, Jerónimo e Louçã explicam e tornam a explicar os planos com que se propõem salvar a Pátria. Manuela não se alarga: não sabe ainda, não fala antes de ver, não quer compromissos sem garantias. No meio de tanta convicção artificial e cega, esta prudência tranquiliza. Os portugueses aprenderam já que os males de Portugal - que se acumulam e se agravam - não se resolvem com uma panaceia qualquer. Se, por acaso, se resolverem é com um tratamento gradual e, principalmente, responsável. A discrição e a firmeza de Manuela Ferreira Leite excluem novas fantasias. Conservadora? Evidentemente, se por "conservador" se entende não agir sem uma exacta avaliação dos meios, nem o conhecimento aproximado dos resultados. Mas quem quer mais demagogia e uma nova aventura?»
Vasco Pulido Valente, Público
«Ao contrário do que refere a maioria dos comentadores, não me parece que os conhecimentos sejam essenciais na apreciação pelos eleitores, sendo mais eficazes Louçã ou Ferreira Leite sem papéis à frente do que a a cábula de Sócrates e o carrinho de supermercado com pastas e gráficos que Portas levou para os primeiros debates. E Jerónimo pode saber pouco dos temas, mas todos os espectadores vêem que ele é "boa pessoa". Resta saber qual a importância dos debates no voto. Os estudos existentes têm conclusões tão diversas quanto os próprios modelos de debates, que têm variado imenso de país para país e de eleição em eleição. Claro que, se o frente a frente desta noite fizesse alterar a intenção de voto de, por exemplo, "apenas" dez mil pessoas, poderia chegar para mais dois ou três deputados numa eleição renhida e para garantir uma maioria. Mas não se deve colocar os debates no altar de uma realidade sócio-cultural que é muito complexa. Os debates são apenas mais um de imensos factores de influência, que incluem outros media, outros protagonistas, mais ainda, incluem as conversas e opiniões de familiares, amigos e colegas e, acima de tudo, o nível de satisfação com a vida individual e colectiva, a começar pelo dinheiro que se traz no bolso. Os eleitores escolhem com a cabeça (racionalidade e imaginação), o coração (emoções e relações humanas) e o estômago (conforto material, emprego e dinheiro).»
Eduardo Cintra Torres, idem
Vasco Pulido Valente, Público
«Ao contrário do que refere a maioria dos comentadores, não me parece que os conhecimentos sejam essenciais na apreciação pelos eleitores, sendo mais eficazes Louçã ou Ferreira Leite sem papéis à frente do que a a cábula de Sócrates e o carrinho de supermercado com pastas e gráficos que Portas levou para os primeiros debates. E Jerónimo pode saber pouco dos temas, mas todos os espectadores vêem que ele é "boa pessoa". Resta saber qual a importância dos debates no voto. Os estudos existentes têm conclusões tão diversas quanto os próprios modelos de debates, que têm variado imenso de país para país e de eleição em eleição. Claro que, se o frente a frente desta noite fizesse alterar a intenção de voto de, por exemplo, "apenas" dez mil pessoas, poderia chegar para mais dois ou três deputados numa eleição renhida e para garantir uma maioria. Mas não se deve colocar os debates no altar de uma realidade sócio-cultural que é muito complexa. Os debates são apenas mais um de imensos factores de influência, que incluem outros media, outros protagonistas, mais ainda, incluem as conversas e opiniões de familiares, amigos e colegas e, acima de tudo, o nível de satisfação com a vida individual e colectiva, a começar pelo dinheiro que se traz no bolso. Os eleitores escolhem com a cabeça (racionalidade e imaginação), o coração (emoções e relações humanas) e o estômago (conforto material, emprego e dinheiro).»
Eduardo Cintra Torres, idem
7 comentários:
Era caso para quando JS falasse do passado de MFL, no gov JMDB (que foi julgado nas urnas e em que não era PM) se js também é responsável pela politica do Guterres, quendo foi sec estado e ministro...
Será que o inolvidável líder (por razões pouco francas) vai deleitar-nos com mais uma testamentária reza de virtudes e qualidades?
Só desejo que a Dra. Manuela danifique com eficácia a soberba e o infinito ego deste majestoso e inconfundível líder.
Tantas ambições falhadas
e promessas delirantes,
foram anos de trapalhadas
e políticas descolorantes.
Tem sido falso o activismo
de propaganda falaciosa,
esta falta de objectivismo
deixa a economia ciciosa.
É tremenda a vacuidade
da panaceia socialista,
trucidando a sociedade
pela sua marca irrealista.
Alguém disse que prever era muito dificil ,especialmente em relação ao futuro . Eu,na minha modéstia ,prevejo com toda a segurança ,que a estratégia de Sócrates para o debate desta noite se baseará em dois pontos :
1- Depois de ter tentado fazer passar Louçã por um temivel revolucionário ,tentará demonstrar que MFL é de extra-direita ,quiçás até neo-fascista .
2- Sabendo que o principal capital dela é a sua seriedade ,não hesitará perante nenhuma calunia ,nenhuma mentira,nenhuma ignominia ,para tentar destruir esse capital .Com a sua completa falta de escrupulos ,Socrates tudo isso fará sem pestanejar .
Vão apostas ?
Nauseated Portuguese
O Vasco diz hoje tudo o que os Portugueses sensatos pensam.Dois políticos são também duas vidas.A governação de Sócrates não é mais do que o reflexo de uma vida que repugna a qualquer pessoa de bem.MFL pelo contrário é uma pessoa de bem,aquela mulher a quem não hesitaríamos em confiar os nossos filhos pequenos para tomar conta deles.São pessoas assim que faltam para governar Portugal.
«Manuela não se alarga: não sabe ainda»
Sabiamente, como alguém que disse um dia, só sei que nada sei.
No reverso da medalha, os que tudo sabendo, quase tudo fizeram mal.
E lá vai indo a minha costela de esquerda.
JB
O desespero pela governação Sócrates é tal que MFL, mesmo sem explicitar grande coisa no seu programa de governo, é considerada já a grande esperança.
Jerónimo de Sousa é avaliado mais pelo aspecto, não deixa de ser "boa pessoa". Mas se apresentasse um programa eleitoral de governo como o do PSD, seria eleito o demagogo do ano.
Curiosidades de comentadores.
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