«O empobrecimento da língua (não só devido à minha idade) custa. Não se lê interminavelmente uma prosa primária - na imprensa e nos livros que vão saindo - sem sofrer as consequências. Um dia, há pouco tempo, uma figura notável dos jornais (um director) resolveu declarar o meu "estilo" antigo. E, na medida em que usa mais de cem palavras, com certeza que é. Mas não me parece que o "estilo" SMS ou o "estilo" TV tenham aumentado consideravelmente a capacidade da expressão humana (e, em particular, da portuguesa). Sei muito bem, e tristemente, que a cultura das letras começa a desaparecer e está, a muito curto prazo, condenada. Mas não deixo de lamentar que o prazer de uma frase, de um parágrafo ou de uma vírgula maléfica se percam para sempre.»
Vasco Pulido Valente, Público de domingo via Povo
3 comentários:
A quem escreve bem, o meu reconhecimento.
A quem se esforçou por me ensinar a escrever bem, o meu muito obrigado.
Por andar a desaprender, o meu pedido de desculpas.
VPV sabe "muito bem" que os avós dele já tinham dito o mesmo, talvez por causa do cinema; e os seus pais voltaram a dizer o mesmo, por causa da televisão, mas pronto. Entretanto, quem está em posição de saber "muito melhor", por se dar ao trabalho de ver como é que as coisas se passam fora de casa, conclui, talvez com ligeiro exagero, que a cultura das letras está não a desaparecer, antes a conhecer uma verdadeira explosão, só comparável ao que se passou na Grécia clássica. Cf., http://www.wired.com/techbiz/people/magazine/17-09/st_thompson
hoje em dia só interessa
«inglês técnico»
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