Donizetti, La Favorita. Fiorenza Cossotto. Tóquio. 1971. Não sei se vem a propósito mas o Pedro Rolo Duarte, na revista "nós" (são cinquenta supostamente destinadas, uma vez mais, à admirável arte de ser português), do "i", começa por um texto velhinho de Miguel Esteves Cardoso sobre o amor. Na altura fotocopiei-o do jornal onde saiu e esteve guardado na gaveta do trabalho. De vez em quando ia lá buscá-lo para o reler. Talvez esteja para aí arrumado noutra gaveta. É assim com o amor. É muito de se arrumar na gaveta porque "o amor é uma coisa, a vida é outra". A saber. "Ama-se alguém, por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado do que quem vive feliz. Não se pode ceder, não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira." Nem que vá, como acaba sempre por ir, para a gaveta.
3 comentários:
a desprepósito sobre a vida.
lembrei-me das minhas idas à galeria desértica da academia de ba de Viena na praça Schiller.
Adolfo Hitler durante os 7 anos de Viena pintava aguarelas e óleos onde mostra o seu interesse pela arquitectura (catedral, ópera, etc.).
o amor pela arte e pela vida revela-se por vezes de formas anti-sociais.
este socialismo está decadente. necessita ser metido na gaveta.
radical livre
Lá está você João Gonçalves, a destruir a minha frieza, em 2 segundos e a entrar-me pela alma adentro!
Curioso. Também tenho esse texto guardado na minha carteira ou mala e volta e meia, quando me apetece vou lá ler. É um dos textos que, para mim, melhor define o amor.
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