8.2.09

MIMI TOSCA




Venho de uma récita da ópera La Bohème no São Carlos. Como é costume, a encenação é igual a todas as outras. "Neo-realista", escura, minimalista, com uma utilização abstrusa das luzes (por exemplo, o Teatro ficar todo iluminado no último acto com a chegada da protagonista moribunda é um disparate, bem como "deixá-la" morrer em cima de um casaco de peles com o palco aberto) e dos espaços (tudo se passa praticamente na rua). Ignoro o nome dos cantores - o que também não tem qualquer importância - que fizeram o que puderam, num ou noutro caso (raro) acima da mediania. É como no jornalismo. Não sabemos quem são porque falam todos a mesma "língua de pau" e já não existe a figura da "grande figura". São todos pequeninas figuras com vozinhas aceitáveis ou nem isso. A soprano que fez o papel de Mimi é mais adequada à Tosca do que a esta ópera. Enfim, a orquestra não terá sido suficientemente "puxada" nas cordas - e La Bohème é uma obra-prima musical em que a orquestração é fundamental - pela nova maestrina titular que, tal como os outros, lá esteve. É pena que a ópera, tal como quase tudo o resto, aliás, funcione em regime de "pacote". Tive a sorte de começar a frequentá-la cedo o que me permitiu assistir a grandes momentos perpetrados por grandes cantores. Agora, e ao contrário do que os encenadores modernaços imaginam, nada é diferente. É tudo indiferente e cansativo. Este "modelo" em breve estará esgotado e, não tarda, voltamos ao excesso de sentido contrário. Quanto ao público, não sei, francamente, de onde vem esta gente, este "novo" público tão maravilhosamente ignorante e que aplaude o primeiro guincho mais estridente. Restam-nos discos e os "dvd's". Recomendo duas versões para escutar e outras tantas para ver. Uma, dirigida por Tullio Serafin, com Renata Tebaldi, Carlo Bergonzi, Gianna d'Angelo e Ettore Bastianini. Outra - para mim a definitiva - da Filarmónica de Berlim dirigida por Karajan, com Mirella Freni, Pavarotti, Panerai, Harwood e Guiaurov. Em "dvd", há uma boa versão da Ópera de São Francisco com o casal Freni/Pavarotti, Guiaurov, Italo Tajo e direcção de Tiziano Severini, de 1989. A outra tem dez anos a menos. Dirige Carlos Kleiber, em Milão, com Cotrubas e Pavarotti. É melhor ficar em casa.

(Clip: do "dvd" em que Carlos Kleiber dirige Pavarotti e Ileana Cotrubas.Teatro alla Scala, 1979 )

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas de vos queixais?

Tudo resulta da dita crítica musical se resumir a pouco mais do São Carlos, CCB e Casa da Música, deixando ao Deus dará tudo o resto.

Ou seja, impedindo se forme uma massa crítica de conhecedores (não confundir com a massa dos diletantes do costume), que pudesse melhorar o gosto musical deste País.

Assim ficamos entalados entre esforçadas Bandas Filarmónicas, e uns esforçados que tentam singrar nos estudos musicais (clássica e outros).

Aliás, graças á Sinistra da Educação isto vai piorar, dado que impôs o ensino profissional da música a partir do 5º Ano, com o beneplácito dos ditos conhecedores.

Só se forem geniozinhos precoces ...

joshua disse...

Adeus, Frisson!

joshua disse...

Apesar de nada mais me estar ao alcance que belas gravações, ainda não quero trocar por virtualidade nenhuma, ainda que sublime, todo o frémito de excitação bebido na Sala, ainda que medíocre.

Anónimo disse...

Isto é apenas uma pequenina "ponta do icebergue" é no que deu desfazer uma Grande Casa e reduzi-la a "um Bando de Músico" que se juntam de vez em quando para tentar (re(fazer, mas sem qq sucesso aantiga Orquestra Sinfónica! São Músicos sem "Rei nem Roque", serão músico de todo o lado não não mais da OSP. O Cantores "Residentes" são o que se ouve e vê, o conjunto , sim aquilo é é um conjunto... que está no fosso está-se perfeitamente nas tintas para o Teatro, perderam o brio agora só lhes resta o que "podem retirar monetariamente no final do mês).
Os directores Artísticos "serão" muito entendidos em Ópera mas de Orquestras sinfónicas, principalmente... não sabem nem querem saber!
A Maestrina não posso comentar, nem devo!
O TNSC é desde há uns anos um Titanic que se afunda e pelo qual parece-me que ninguém se interensa.
Gestão?! Para quê ter cento e tal músicos se não os aproveitão?! Onde estão os Grandes concertos Sinfónicos, onde está um concertinho no dia Mundial da música (pelo menos há 4 anos que não me lembro)?!
Onde está tanta coisa que ocupava a orquestra de tal modo que não tinham tempo para tocar aqui, acoli, etc a não ser com justificações de decentes?! Parece cruel mas não é pois foi assim que a OSP foi a Orquestra que foi que foi a Festivais internacionais importantes e mais não fois por motivos que não vêm ao caso, foi assi que ela gravo Dc com a maior discografica do Mundo....
Agora até se apaga da biobrafia a OSP pessoas que foram fundamentais e que sem elas a OSP nunca teria dado o seu 1º concerto no dia 5/2/83(acho estar correcta na data)
E poderia continuar a falar sem me calar e por muito que alguns me queiram apertar o pescoço eu sei que tenho razão e essa ninguém ma tira!!!