Noutras ocasiões falei aqui de Vitorino Magalhães Godinho. Pelo Diário de Notícias, através de um trabalho de João Céu e Silva, apercebo-me da edição de um livro de ensaios do historiador, intitulado "Ensaios e Estudos - Uma Maneira de Pensar", Vol. I, da Portugália, pretexto para uma entrevista. No meio de tanto tagarela ignorante - e todos os dias nos são "revelados" novos "talentos" - a palavra certeira de Magalhães Godinho, com 90 anos, é sempre um consolo. Sobre os "nossos inefáveis dirigentes políticos cuja obtusidade é alarmante" e sobre uma "classe política que é mais do que lamentável", Godinho não hesita: «não têm ideias e não debatem (...), assiste-se a qualquer sessão do Parlamento e verifica-se que há afirmações mas nunca as demonstram (...), diz-se que o TGV é fundamental mas ninguém o justifica (...), quando há uma crítica ninguém responde, porque há uma incapacidade de argumentar nos nossos políticos, em todos.» Mas o admirável líder é, para Godinho", «a pessoa que mais [o] confrange porque ainda não o [ouviu] responder a uma pergunta com argumentação.» Até deixou de o escutar, acrescentou (para bem da sua longevidade, seguramente). Sócrates não saberá, então, o que anda a fazer? «Sabe sim, infelizmente (...) Sabe pôr de parte todas as conquistas do mundo civilizado.» E conclui, como muita gente, que «não temos democracia em Portugal, isso é fantasia.» Aliás, o que é que se poderia esperar de um povo e de umas elites («não as temos») que não são capazes «de resolver os problemas pela inteligência»?
7 comentários:
Remeta-se [a entrevista] para Espinho!
Importa-se de indicar a edição do DN relativa à entrevista do Prof. Magalhães Godinho? Muito obrigada.
Ora aqui está um Magalhães ao qual é justo prestar atenção.
infelizmente para portugal praticamente desapareceram quase todas as pessoas sérias, estudiosas, competentes.
sinto profunda tristeza ao ouvir gentalha como o pm e capangas do partido e governo. deixei de os ouvir mais que 5 segundos, isto é, até mudar de canal.
estarão logo aos berros de braço levantado como que puxa autoclismos antigos. catarse partidária ou: lá vai merda.
agora depois de desopilar
vou trabalhar
radical livre
Edição do DN de hoje, dia 27, sexta-feira.
E, por falar em fantasia, é admirável, senão excelente e supremo, o desempenho do Zézito no principal 'papel' da farsa "Alice no país das maravilhas".
Glenda Jackson não 'representaria' melhor!
Mais do que qualquer outra opinião as palavras daquele que é o maior historiador português vivo devem ser tidas em consideração.
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