26.2.09

MEIO PÃO

Um tribunal em Barcelona condenou um mendigo por ele, com violência, ter roubado meio pão. Pelo andar da carruagem - veja-se a "simbólica" pena de multa aplicada há dias a um conhecido empresário acusado de corrupção activa - por cá bastará o mero furto de uma carcaça. Se se fala aqui tanto de justiça não é apenas por o autor do blogue ser jurista. Fala-se porque, depois de trinta e cinco anos, o regime apresenta a justiça, não como algo que corresponda a um "sentimento jurídico colectivo" de certeza e segurança, mas antes como um sistema precário, frágil e facilmente manipulável em que alguns dos seus "operadores" são os primeiros a colocar em causa aqueles princípios. Uma justiça de "garzons" e de "garzonetes" não é justiça. É outra coisa travestida de justiça. Basta espremer os resultados. Meio pão. Ou, as mais das vezes, nem isso.

7 comentários:

Anónimo disse...

O que me tem suscitado interrogações em catadupa é o que está a impedir a consciência popular da tragédia em que o país, mas não só, se transformou! O estranho, ou não, alheamento popular de que estamos todos a um passinho minúsculo do precipício. Creio que o circo montado pela política caseira (estarão PSD, Bloco e PS conluiados?) está a impedir as pessoas, o povo, de olhar em volta e reparar que dois, seis, mais... conhecidos, amigos, já têm as vidas, pessoais e familiares, estrilhaçadas. Seja pela crise (desemprego etc.), seja pela impressionante falta de agilidade política de quem nos dirige (e não falo apenas do PS de Sócrates) e incapacidade para solucionar problemas de forma sensata e fugir à medicidade dos poderosos (como se sabe aquela a que é mais difícil resistir!), para agir de forma altruista, por bondade, sem a matemática dos dividendos a atordoar a caminhada... O quê?! O que é que falta para que o povo ganhe consciência e perceba que, nestas ocasiões, o poder só percebe a linguagem da força para acabar com esta maltrapilhice? Quantos mais vizinhos sem poder pagar o arroz para a mesa, a escola dos filhos, quantos mais, quantos?? são precisos para que essa consciência passe para o todo, saindo abruptamente do compartimento "cada-um-com-o-seu-problema-e-que-o-resolva!" para a percepção de que este é um problema de todos e que a todos vai tocar mais cedo que tarde. E o poder político (porque o militar já o percebeu, ou melhor já o sentiu na carne-outra-vez-para-canhão!) já percebeu que, para além dos votos, um dia destes vai ter que, humildemente, pedir paz ao povo prometendo que nada será como dantes?! A Bastilha foi assim, Abril foi assim... outros assim houve, tantos outros, que foram tão poucos que esta gajaria já não se lembra! Mas receio que o povo vai pçerceber que a medida para a solução dos problemas vai ter de passar pela metragem de vidros de montras partidos e toneladas de aço calcinado nas ruas. Temo isso, temo sim... cada vez mais.
RIBO

CAA disse...

É o Jean Valjean do Les Misérables de Victor Hugo. Tudo começou quando roubou um pão...

CAA

Anónimo disse...

por cá bebem "do fino"
e ainda recebem milhões

radical livre

Nuno Castelo-Branco disse...

Bem, se a coisa é assim, imagino que se por absurdo, este tipo de sistema por cá se instalasse e fosse PROPORCIONAL ao crime..., certa gente "levava" com perpétua. no mínimo!

Artur Corvelo disse...

lembra o jean valjean

Artur Corvelo disse...

merda, o caa ja tinha dito o mesmo. peço desculpa.

Lura do Grilo disse...

Já Bermejo, o infeliz Ministro da Justiça, precisava de uma licença de vários milhares de euros para caçar caça grossa na Andaluzia. Assim vai o socialismo em Espanha..a Igreja não condena quem rouba para matar a fome.