15.11.08

UM HOMEM SEM PACIÊNCIA


Lembram-se? O homem ia "inaugurar um novo estilo no Conselho de Ministros». O homem ia "activar" o mecenato cultural "graças ao seu espírito empresarial e aos contactos com o mundo da finança." O homem era um "apaixonado da literatura que adora Ingmar Bergman" e "as coisas de humor", "advogado de artistas mil (incluindo os Gato Fedorento), bem entrosado no meio das artes plásticas e membro da administração da Colecção Berardo." Ora é justamente esta extraordinária criatura, nunca vista, que vem agora confessar ao excelentíssimo público (ele é ministro da Cultura) a falta de credibilidade do ministério que tutela. A sua, portanto. Pinto Ribeiro, ao Expresso, diz mal dos antecessores dos derradeiros sete anos (Sasportes, Santos Silva, seu colega no governo, Roseta, Maria João Bustorff e Isabel Pires de Lima) porque, segundo ele, geriram mal o parco orçamento de que dispunham. Pinto Ribeiro, ao contrário deles, anunciou - com trombetas, Fernanda Câncio e Produções Fictícias - que ia fazer mais com menos. Todavia, revela que lhe "é difícil ter paciência para esperar pela assinatura do ministro das Finanças" para, por exemplo, nomear o director artístico do D. Maria. Nunca Pires de Lima, a servir frio o velho prato, foi tão certeira: "prometeu fazer mais com menos, o ministro das Finanças fez-lhe a vontade".

Adenda:

«FAZER MAIS COM MENOS MEIOS» - Foi com esta frase que um ministro voluntarioso se pode ter suicidado mal acabara de tomar posse, confessando no princípio aquilo que em geral só se descobre no fim: o mais completo desconhecimento da situação do sector que ia tutelar, e nomeadamente do seu brutal e histórico défice em recursos humanos, em meios e em financiamentos. Não admira que, com uma proclamação tão negligente, o desafio de “menos meios” lhe tenha sido feito de novo, e que mais uma décima tenha caído no orçamento da Cultura para 2009, atingindo agora uns inéditos, inverosímeis, fatais 0,3% do Orçamento de Estado.»

Manuel Maria Carrilho, Contingências


15 comentários:

Anónimo disse...

este maiakovski também entrou pela porta.
sair é mais doloroso.
talvez tenha ajuda

radical livre

Anónimo disse...

Não se admirem, porque aquilo que se passa com o Ministro da Cultura passa-se igualmente com todos os restantes ministros. Pertencem todos à corja politiqueira.

Anónimo disse...

Há uma palavra para definir este senhor -- é um PAVÃO !
Muita pose, pouco conteúdo.

Anónimo disse...

Cada um tem o Pinto Ribeiro que merece.

Anónimo disse...

Há pouco tempo, Walter Rossa professor em Coimbra e ligado às questões relacionadas com o património edificado, defendia a extinção do ministério, passando a área do património cultural para o ambiente (bens culturais e ambientais como já aconteceu em Itália) e as "artes" para uma secretaria de Estado dependente do primeiro ministro como aconteceu no tempo de Cavaco. Poupava-se em despesas de funcionamento e acabava-se como um momo que pouco o nada contribui para a melhoria das causas culturais que são do domínio público como a reabilitação do património arquitectónico, artístico, arqueológico, arquivístico etc. É que contribuir com 0,3% das receitas do OE para a cultura só revela um total desconhecimento e desperzo por esta área governativa.

Anónimo disse...

João Gonçalves: você não tem um décimo da erudição, da obra e da classe deste grande senhor que é Pinto Ribeiro.
Ah ah ah, estou a brincar.

Anónimo disse...

Pelos amor de Deus, caro João Gonçalves. Com este e os anteriores ministros da cultura (desde o sr D. Dinis a esta parte) e atenta a cultura do paizeco, incluídos também os chamados "agentes culturais" o corte é muito bem dado. E digo-lhe mais: deveria ser maior.

Unknown disse...

Mas não houve um erro de "casting" inicial?

Anónimo disse...

Pois,pois...no caso dele é mais:«Fazer nada com pouco»

Nuno Castelo-Branco disse...

No ex-Palácio da Ajuda funciona o departamento de Estado do dito ministro. Em ruínas, é bem o ex-libris do sector. Sintomático...

QC disse...

Quem diz a verdade não merece castigo, ou não é?
É um excelente Ministro, atendendo ao que - no privado inclusive, p. ex. - se fomenta como cultural.
Pelo menos não se perde dinheiro ... dá para ter uma ideia ( pelas amostras), agora, imaginem os estrelaios se ...

Anónimo disse...

Pinto Ribeiro não só é ministro de uma Cultura em ruínas como, ainda, faz parte de um Governo também em ruínas. Nem os conselhos únicos da antiga RP da Expo 98 e acompanhante de Mário Soares, Clara Ferreira Alves, lhe adianta seja o que for. Também a querida Câncio de nada lhe pode valer, não obstante o alinhamento socialista do jornal onde essa abrasiva senhora escreve. Se não tem dinheiro para mandar cantar um cego, acho que só lhe resta continuar a malhar nos seus antecessores, como gosta de fazer. Por esse lado nunca lhe faltará, pelo menos, a animação que justifique a sua existência. Porque, quanto ao resto da populaça, Pinto ribeiro não passa de uma inutilidade paga pelos contribuintes. Eu teria vergonha.

Anónimo disse...

Bobadela: e a noiva não conta?

Anónimo disse...

nem a paideia de belém ajuda

Sai um mi - molette com cacau
uhihih
:)

LUIS BARATA disse...

Entradas de leão, saídas de sendeiro a 0,3%...