«Só muito tarde na vida fui visitar o Escorial. Durante muitos anos, não tinha curiosidade. Há cerca de trinta anos, depois de a ouvir pela primeira vez, apaixonei-me pela ópera “Don Carlo”, de Verdi. Uma parte passa-se neste palácio, mandado construir por Filipe II, que ali morreu. Não descansei enquanto não fui visitar. É de grande beleza severa e rude. Tem uma estética de tempos difíceis e de autoridade.»
António Barreto, Jacarandá
(Clip: Don Carlo, Verdi, início do III Acto (Auto de Fé). Festival de Salzburgo, 1986. Dirige Herbert von Karajan)
3 comentários:
o grande Filipe II, el-rei papelero, teria adorado viver no tempo dos pc.
o escorial representa a grelha onde São Lourenço foi parrillado. "um cubiculo para o Imperador uma catedral para Deus".
a morte de D. carlos é estranha "não estive lá para ver", mas cartas às Infantas são notáveis.
gostei da ópera
radical livre
Fiquei encantado de ver o extracto do Dom Carlo! Também tenho esta versão do Karajan. Entre todas, a que prefiro é a do Solti. Mas esta é formidável.
António Barreto
DON CARLO é uma das maiores óperas da História da Música. Com libreto de Méry e Du Locle, a partir do poema dramático de Schiller, Verdi compôs uma partitura em que a música quase dispensa as palavras. E a interpretação de Karajan, no presente registo, é sublime.
A verdade histórica é diferente, mas, neste caso, que importa?
Visitei o Escorial, há mais de trinta anos, e ajoelhado na cripta, rodeado pelos sarcófagos de Carlos Quinto, Filipe II e sucessores, evoquei Verdi, e comovi-me.
Quando já pouco ou nada resta, a arte é a "ultima ratio"para nos mantermos vivos.
MINA
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