«Diz-se que Medina Carreira terá avaliado em dois mil milhões de contos o montante de dinheiros mal parados recebidos da Europa por Portugal ao longo de vinte e cinco anos; ou seja, mais de setenta milhões de contos desaparecidos, dados, esbanjados, mal aplicados e desviados anualmente pelas curibecas agora finalmente postas a descoberto pelas primeiras [e tremendas] revelações do escândalo que abala o país. Compreende-se, assim, o atraso, a impreparação, a falta de competitividade das empresas e dos trabalhadores portugueses. Se a esta soma quase cósmica aduzirmos os milhões de milhões de contos gastos anualmente com a fulanagem inútil que serve os aparelhos partidários - os eurodeputados, os deputados, os presidentes de câmaras, as assessorias (vulgo boys), as aquisições de serviços a familiares, amigos, primos e protegidos - trememos de espanto e indignação. Portugal não pode sobreviver se continuar entregue a tal camarilha devorista. Temos sido, literalmente, sugados até ao tutano por gente que nem para arrumadores de cinema presta. Tempos houve em que o Estado era rico, pagava mal aos seus servidores e dava o exemplo a um país pobre. Hoje, com o Estado pobre, brincamos impudicamente com a pobreza sem esperança de um país definitivamente encostado à berma da história e pagamos regiamente a funcionários de partidos que ainda têm o supino atrevimento de chamar parasitas aos funcionários do Estado. O sistema, como está a funcionar, parece estar a fazer tudo para despertar messianismos.»
Miguel Castelo-Branco, Combustões
Miguel Castelo-Branco, Combustões
6 comentários:
Eis a nossa mensagem. A mensagem que devia passar, trespassar e transpassar toda a sociedade portuguesa que não se banqueteia neste deboche, mas dele se penaliza, como eu na minha carne e na minha alma.
O tempo urge para um Messias feito de Povo, a chegar aos seus limites de tolerância e pronto, sem o saber, para o sangue expiatório de estes desmandos.
Quando se é radicalmente sem vergonha na Res de Todos está-se a clamar por que se faça radicalmente a desinfestação completa disto.
Caro Joshua,
sinto exactamente o mesmo que refere no 1º parágrafo do seu "post".
Já quanto ao Messias, tenho as minhas reservas. Historicamente, a esmagadora maioria dos Messias, independentemente do "ponto cardeal" de onde tenham vindo, não foram grande exemplo e não deixaram muitas saudades.
Acredito mais na mudança de actitude dos que não se "banqueteiam neste deboche". Cabe a cada um abstrair-se das "distrações" proporcionadas pela "camarilha devorista" e afirmar-se conhecendo, percebendo, actuando, exigindo, impondo. Em cada sítio que frequentem e em todo o lado.
O Supremo Individualista, sentindo uam absoluta responsabilidade social.
Pois muito bem,se assim é,temos um MP e Tribunais.
Uma vez que o poder judicial é independente,diz a Constituição da República,tenho a certeza de que os responsáveis por este brutal prejuízo causado à nação será severamente punido e os portugueses ressarcidos pelos malfeitores.
Eu acredito na justiça.
caro fugitivo: o seu problema é acreditar na justiça. Verá que as mézinhas que lhe administram no J.M. só lhe farão regressar à realidade.Volte para lá, antes que o seu delírio o faça acreditat em outras coisas que estão há muito desacreditadas como a justiça, por exemplo.
Mais uma vez, o meu irmão tem razão. Infelizmente, pois esta história vai acabar mal, como já é costume. Dir-se-ia mesmo que o vaudeville de hoje segue um guião já velho de cem anos e que ciclicamente é representado às novéis audiências. Aparentemente, está tudo bem e até a hora do telejornal é pretexto para explicações pouco convincentes, mas proferidas até à exaustão. Vamos lá a ver o que isto dá...
Como sempre uma excelente análise do Miguel Castelo - Branco, que do Extremo Oriente não perde a perspectiva.
Enviar um comentário