8.11.08

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«O que está em causa é também a "independência" dos bancos centrais, um mito que na prática se traduziu no esquecimento da sua função de indutor de confiança e numa inequívoca subordinação aos mercados financeiros. Subordinação que não é possível desligar dos erros de avaliação cometidos e sem os quais a crise não teria atingido as proporções que atingiu. O que se passou entre nós com o BPN só reforça esta perspectiva: tudo aponta não só para a cumplicidade dos auditores, mas também para a incapacidade da regulação e para a inutilidade da supervisão, suscitando legítimas dúvidas sobre a acção do Banco de Portugal.»

Manuel Maria Carrilho, Diário de Notícias


«Um regime em que o BPN se criou e agiu em toda a liberdade não merece confiança alguma. Primeiro, porque o Banco de Portugal, como se não lhe chegasse o fiasco do BCP, falhou completamente nas suas funções de fiscalização. E, segundo, porque entre a gente que, da fundação à “falência”, ocupou altos cargos no BPN estavam figuras políticas da maior importância: José de Oliveira e Costa (secretário de Estado de Cavaco), Dias Loureiro (ministro de Cavaco), Daniel Sanches (ministro de Santana), Rui Machete, o inevitável Guilherme de Oliveira Martins e um genro de Aznar, ex-secretário do Partido Popular espanhol. Isto põe um problema essencial. Se a justiça portuguesa não desembaraça rapidamente a tremenda meada do BPN, se não apura rapidamente responsabilidades sem respeito ao estatuto e posição seja de quem for e se não julga e pune rapidamente os culpados, prova, proclama e fundamenta a corrupção do Estado. Existe uma diferença entre o que sucedeu no BPN e um assalto a uma ourivesaria.»

Vasco Pulido Valente, Público

5 comentários:

Anónimo disse...

Devem ser esses os da boa moeda, presumo eu...Assim se precebe a necessidade de "expulsar" alguns...

Anti

Anónimo disse...

Eu pensava que alguém que fundava um banco era um homem de negócios que tendo dinheiro se lança nessa aventura.
Neste caso parece-me que políticos saídos da função pública ou do ensino, em vez de a ela regressar arranjaram-lhes uma sinecura para com os seus nomes prestigiarem o do banco.
Moral da história.
Não te metas em negócios onde estão ex-ministros. De certeza que o assunto é pouco sério para precisarem deles para decoração! Certamente ninguém acredita que esses senhores estavam lá para trabalhar ou gerir qualquer coisa. Para isso é preciso saber da tarefa!
Xico

Anónimo disse...

Há que começar a ouvir quem nos fala assim. Aqui ao lado a actuação das autoridades espanholas, no caso Banesto, deveria ser sueguida como exemplo.

Anónimo disse...

"Se a justiça portuguesa não desembaraça rapidamente a tremenda meada do BPN, se não apura rapidamente responsabilidades sem respeito ao estatuto e posição seja de quem for e se não julga e pune rapidamente os culpados"
Boa sorte! -- JRF

Unknown disse...

O excerto enferma, certamente, de uma gralha :em vez de "justiça", surge justiça,assim, sem aspas...