O que se passou ontem no Parlamento, por causa da Saúde, é elucidativo do estado decadente a que chegámos. Deputação menor, gente sem estofo intelectual ou de qualquer outra natureza, bimbalhada escolhida nos corredores das lúgubres secções do partido, burgessos desbiografados, comissários de outros comissários ligeiramente melhores do que eles que se privam de aparecer, eternos desempregados da vida dura que ninguém conhece, enfim, alguns pequenos exemplos da corja democrática dedicaram-se a debater os "saneamentos" em curso na área. O mais notável acabou por ser um tal Ricardo Gonçalves - de Braga e do PS - a cuja argumentação me parece que só se devia responder com dois estalos na Rua de São Bento. É que com gentalha desta natureza, a retórica parlamentar só atrapalha. Olho para a AR e fico com saudades da década 1975-1985. Sensivelmente até aí, o Parlamento conseguiu acolher homens e mulheres com algum gabarito e outros, até, com "história". Depois passaram a escolher-se a dedo e agora, com as modas absolutistas, qualquer tipo que abane a cabeça serve. Este modelo representativo, por razões estéticas e éticas, devia acabar rapidamente. Até nisto continuo reformador. Quero gente no Parlamento, não quero gajada.
7 comentários:
Comecemos por aqui :
"O chefe do Governo francês, François Fillon, defendeu hoje à noite o desaparecimento da sua função em prol de uma «vice-presidência», à imagem do modelo norte-americano, no quadro de um «verdadeiro» regime presidencial".
(DD,5-07-2007)
Gente com sentido de Estado e de Serviço Público, escolhidas pelas sua mais valia social, profissional ou intelectual sentava-se na ASSEMBLEIA NACIONAL.
Agora só badamecos, há mistura com poetas menores desertores, mas com muito papo.
Oferecido ao DN:
“AR: 33 = 4”
Com três décadas de funcionamento em regime democrático, teremos na Assembleia da República «um espelho do País»? Dos 33 senhores (?) deputados da comissão de assuntos europeus, convocados para a presença de uma vice-presidente da Comissão Europeia, presentes 4 (quatro). Na matemática desta AR, 33=4!
A comissária da «política de comunicação pública» da EU pode portanto ir descansada. Aqui na faixa ocidental da Ibéria, continua um povo/elites que não se governam nem se deixam governar. O comportamento dos deputados tem um nome: «falta de educação».
A avaria do dispositivo de tradução é igualmente exemplar do profissionalismo reinante. Há um mês e quando do colóquio sobre o NAIL (novo aeroporto internacional de Lisboa), o dispositivo de projecção avariado, mais do mesmo!
Nos cartazes espalhados por Lisboa, a propaganda compensa a realidade: «Rigor».
"Gente com sentido de Estado e de Serviço Público, escolhidas pelas sua mais valia social, profissional ou intelectual sentava-se na ASSEMBLEIA NACIONAL.
Agora só badamecos, há mistura com poetas menores desertores, mas com muito papo."
Belo sentido de humor, marinheiro de aguadoce.
Já em 1844, depois de ter assistido a uma sessão dos nossos parlamentares, o príncipe Felix von Lichnowsky comentara que as câmaras deste reino mais se pareciam com reuniões de clubes revolucionários, onde ninguém se entendia sobre nada. De então para cá, pouco mais lisongeiro pode ser dito a respeito da «coisa», e hoje então, atendendo ao nível de escolaridade da gente que por São Bento vegeta, o panorama é pouco mais edificante que o de uma reles tasca de ruela mal iluminada. Ah, grande Camilo, que os apresentava, de dia, como os srs. deputados e, à noite, como os srs. doputedo.
Meu cara J.Gonçalves, você está admirado da qualidade dde muitos dos Deputados da Nação? Onde tem andado? E o pessoal do C.Ministros e respectivos ajudantes? E aquela tirada da srª (drª Engª''') Pgnatelli(?) não é também de estalo ou estalada?
Eu, que vivi com alguma consciência a última década do Estado Novo, sempre pude dizer em casa o que me apetecia até nalgumas esquinas com amigos de confiança. Vem agora essa dama outorgar-nos foral de falarmos sem perigo de perseguição judicial disciplinar ou outra desde que o façamos em casa? Onde isto chegou! Quantos Ricardos! Quanto potencial bufo e serventuários duma possível tirania se arranjaria entre os democratas. Ainda há quem se admire de a PIDE ter centenas de milhares de informadores!!
Eu tenho este defeito de que não há "poetas menores desertores".
O recuo do tempo a todos amadurece, mesmo que não possa haver uma bissectriz que a uns e outros alivie um genuíno soluço de amargura. Foi assim. Foi tantas vezes assim. Ponto.
Enviar um comentário