8.12.05

A LUTA CONTINUA

O debate de hoje na RTP conta com a participação de dois inevitáveis compagnons de route nestas eleições, Jerónimo de Sousa e Mário Soares. São os que, nas entrevistas e na campanha, têm apresentado argumentário similar. São os mais obcecados com a indispensável "derrota da direita" e o segundo é o candidato "desejado" pelo PC para uma eventual segunda volta. É natural que Soares tente afastar-se do seu habitual radicalismo já que Jerónimo pode perfeitamente encarregar-se do discurso da cartilha "anti-fascista" e, de caminho, dar umas lições de "unidade" ao PS. A Soares bastará um sorriso complacente e umas tiradas melancólicas sobre a sua natureza "moderada". O fantasma de Cavaco pairará sobre o que for dito e o que não for dito. Não existirá ali qualquer confronto verosímil, até pela circunstância de apenas Soares aspirar vagamente a qualquer coisa. Jerónimo está somente "em luta", a única coisa que pode e sabe fazer. Não foi por acaso que o comentário mais impressivo sobre o primeiro debate efectuado pelo secretário-geral do PC - e que passou praticamente despercebido - consistiu em que ele tinha tido "civismo a mais". Não nos devemos, por isso, admirar quando, na entrevista ao Público, o generoso estalinista de Pires Coxe aparece descrito desta forma: "supersticioso, ao longo da conversa, bate três vezes na mesa de madeira, quando fala da hipótese de Cavaco Silva ganhar as eleições." De facto, para Soares e para Jerónimo, a luta, seja lá o que isso for, continua.

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