As pessoas que apreciam circo e touradas, não gostaram do debate entre Cavaco e Alegre. Foi "morno" ou, na versão mais figurativa, um "bocejo". As pessoas que não gostam de Cavaco, continuaram a não gostar de Cavaco e assim será até ao fim. Os que toleram Alegre, como um intruso chato, acharam-no porventura trivial e pouco "agressivo" para Cavaco. Em suma, faltou ali o "hardcore" que só Louçã e, no seu melhor e pior, Soares, podem dar. Somos, de facto, um povo paradoxal e difícil de governar, como dizia Jorge Dias nos anos sessenta. Queremos o mesmo e o seu contrário. Nunca estamos, felizmente, satisfeitos. Sucede que um daqueles dois homens vai ser, quase de certeza, o próximo chefe de Estado. Não está num "reality show" para impressionar donas-de-casa desocupadas ou "intelectuais" agarrados à sua cartilha habitual. Julgo que se percebeu por que é que ambos estão aparentemente à frente nos "estudos de opinião". E por que é que os dois devem ter "crescido" um pouco mais. Não precisaram de berrar para estabelecerem as suas diferenças. Não se comportaram como se concorressem a uma mera disputa de feira popular. Por mais que alguns gostassem, estas eleições presidenciais não têm "dramaticidade" nenhuma. E quem mais tentar transformá-las num pífio ringue de boxe, entre a "esquerda e a direita", ou entre "o diabo e os anjos", mais perde.
Sem comentários:
Enviar um comentário