Apesar da "má" imprensa que o tem acompanhado - muito por causa de si próprio -, Mário Soares ainda consegue provocar delíquios em alguns representantes da comunicação social que esperam com ansiedade que as suas aparições nos debates provoquem efeitos semelhantes aos que "O último tango em Paris" provocava nos cinéfilos de meados dos anos setenta. Ou, para não irmos tão longe, na beatitude com que as intervenções televisivas de Santana Lopes eram recebidas pela mesma comunicação social que via nele um mestre de telegenia política. Quer Sócrates, quer agora Cavaco, por exemplo, jamais receberam esta "graça". Soares sente-se espartilhado neste "modelo" e, não obstante ter sido cordato e mais razoável do que é costume, acabou por estragar o efeito à saída. "Bateu" nos pressurosos jornalistas que o esperavam, com a delicadeza de lhes lembrar que os seus "chefes" (sic) os mandam fazer-lhe determinadas perguntas que manifestamente o irritam. E não esqueceu Cavaco, o tenebroso autor "moral" do "modelo" que ele também aceitou. Este debate com Jerónimo não interessava nada a Soares. Cumpriu-o com zelo e com alguma respeitosa e oportunista "vénia" àquilo que ele acha que é o "eleitorado comunista". Falou essencialmente para a "esquerda" o que, para quem pretende "unir" e "ouvir" os portugueses, não chega. Jerónimo foi, como ele disse, "aos concretos". E "os concretos", para ele, é "segurar" o terreno e zurzir em Sócrates. Em suma, tudo como dantes.
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