12.7.05

A VIA ESPANHOLA

Espanha, Espanha, Espanha... Com esta cadência reiterada, José Sócrates explicou a essa coisa mítica chamada "tecido empresarial português", o gentil propósito de o tornar mais "competitivo". O método é sempre o mesmo. Ele, o "tecido", espreme-se um bocadinho e o Estado subsidia. Depois, com jeito e devagarinho, "avança" para o mercado aqui do lado que aparentemente suspira por ele. Achei piada ao anúncio da "via espanhola" do primeiro-ministro. Tratou-se de um mero mimetismo de algo defendido, ainda não há muito tempo, por Cavaco Silva por causa da célebre "competitividade". Porventura este detalhe terá escapado aos assessores do chefe do governo. Mas isso agora não importa. O que releva é saber se o famoso "tecido empresarial português" mexe e se é "competitivo". Para ele "mexer", não dispensa o concurso do Estado. Manuel Pinho não tem feito outra coisa senão andar por aí a oferecê-lo. O que tem e o que não tem. Acontece que realisticamente o Estado tem por ora muito pouco para dar. Não se viu, aliás, ninguém particularmente entusiasmado com o exercício, à excepção dos bonzos do costume, nomeadamente os banqueiros do regime. E quanto a ser "competitivo", vou ali já venho. Eu julgo que a Espanha agradece o voluntarismo dos nossos poderes públicos e a "iniciativa" do nosso "tecido empresarial". Um e a outra deixam-na naturalmente tranquila.

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