João Figueiredo, o secretário de Estado da Administração Pública, um "sobrevivente" à saída do ministro Campos e Cunha, afirmou no Parlamento que "em vez de haver auditorias a cada ministério separadamente, o Governo decidiu adoptar uma metodologia global de auditoria simultânea a todos os ministérios". Figueiredo, que é um homem da administração pública, com experiência e ainda por cima intelectualmente sério, já devia saber que a técnica mix anunciada é a melhor maneira de não se fazer nada. Uma "auditoria simultânea a todos os ministérios" - feita por quem (entidades públicas ou privadas) e com que metodologias? - parece-me qualquer coisa de inverosímil. A menos que se coloque um dos corpos de controlo do Estado, em exclusivo, a realizar a dita auditoria, ou se paguem milhares a uma empresa privada do "ramo". Salvo o devido respeito, julgo que anda por aí - e há bastante tempo - um Conselho Coordenador do Sistema de Controlo Interno da Administração Financeira do Estado (SCI), que inclui todas as inspecções sectoriais dos diversos ministérios, e que serve precisamente para avaliar, em permanência, o desempenho dos vários sectores, detectando anomalias e propondo ajustamentos. Passar a vida a "criar" ao lado do que já existe, outras coisas para fazer aquilo que justifica a actividade de controlo e avaliação do Estado, é apenas, como se costuma dizer, "bater no ceguinho". E é a maneira mais despachada de "fingir" que se está a mexer nalguma coisa para que o essencial fique na mesma.
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