Em jeito de resposta/comentário ao post "Queer as Foleiro", o Nuno Pinho, autor de um blog assaz interessante, escreveu o que se segue. Não há "notas da redacção".
O João Gonçalves acha, como pessoa racional. que os homossexuais devem ter os mesmos direitos que toda a gente, "ponto final". Estamos de acordo. Não percebo é como o discurso moralista que depois nos apresenta, ao abrigo do "politicamente incorrecto" (em cujo nome se podem dizer, aliás, as maiores barbaridades), nos vai ajudar a isso. JG desgosta do estilo de vida e comportamentos de alguns gays - que parece descortinar perfeitamente através da sua marcha anual - e acha que deviam ficar em casa. Como os políticos também "ficam em casa" nesta matéria, não se vê então como poderia a comunidade LGBT reivindicar os seus direitos. Todos os outros grupos podem, mas os gays devem ficar em casa em prol de um melhor ambiente nas ruas. Deixe que lhe diga, tal pensamento é duplamente foleiro. Foleiro pela desconsideração cívica e pela hipocrisia do discurso do "não sou homofóbico, mas pronto, a lei está como está. Paciência". Se todos ficassem em casa, até seria fácil dizer que provavelmente não existem. Foleiro porque assume que todos os homossexuais sem comportam desta maneira, o que não é verdade. E aqui se vê que JG não esteve na Marcha Gay, e não viu que estariam uns 5% de transformistas, se tanto. Ou, pior, baseia a sua análise em reportagens televisivas sensacionalistas. E mesmo que fossem 100%, qual o problema? Para além de haver "transgenders" que têm direito à vida e à luz do sol, o orgulho gay surge em oposição à vergonha gay. Em adição, uma marcha também tem um lado de provocação e carnaval. Aposto que JG não se insurge contra outros mascarados libidinosos em situações festivas. Caro João, até poderá ter razão em realção a algumas críticas que faz em relação ao associativismo LGBT, mas é intelectualemente errado partir daí condenar qualquer luta pela alteração de leis e mentalidades que, até à data, só envergonham Portugal e as suas elites.Ps. Vi ainda um engraçado "sketch" do Contra-Informação que colocava a manifestação de neo-nazis em algum paralelo com a Marcha Gay. A comparação surgia através do baixo número de manifestantes em ambos os casos. Porém, para que não restem dúvidas, é preciso dizer que os primeiros procuram limitar direitos e impor comportamentos que afectam directamente todos os que não professem a xenofobia nacionalista enquanto os segundos querem apenas igualdade de direitos que não afectam (a não ser nos preconceitos) as vidas de ninguém.
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