Vital Moreira vem aqui apresentar a famosa "teoria do perigo", algo de que vamos ouvir falar muitas vezes nos próximos tempos. Segundo ele, Cavaco pode pôr em causa a "estabilidade e a natureza do regime político". Com o devido respeito, se há algo ou alguém que anda a pôr em causa "a estabilidade e a natureza do regime político", é a "situação". Refiro-me à situação de pobreza franciscana - politica e institucionalmente falando - em que vivemos desde, pelo menos, 2001, e a que, com imensa felicidade, António Guterres apelidou de "pântano". É, de facto, algo tão profundo que Mário Soares teve que "reencarnar" junto de Sócrates por manifestamente também não confiar nele. Acha verdadeiramente que Soares, uma vez em Belém, vai deixar Sócrates fazer o que tem de ser feito e que nada tem a ver com a mitomania faraónica das cimenteiras, tão em voga? Já imaginou o que seriam as romarias da "esquerda em geral" - de que fala Medeiros Ferreira - ao Palácio e os "Portugal, que futuro?" para domar Sócrates, partindo do princípio que este ainda não está completamente rendido à tal "natureza moribunda" do "regime"? A "estabilidade" do "regime" já não convence ninguém. O "regime", ou evolui, ou morre. E evolui melhor com Soares ou com Cavaco? Limito-me a reproduzir o seu (bom) argumento: o argumento mais errado contra a candidatura de Cavaco Silva é o de que ele não tem perfil para o lugar.
Sem comentários:
Enviar um comentário