13.7.05

UM VERÃO ANTES DAS TREVAS

O "prefeito para a congregação do défice", o honorável Vitor Constâncio, veio uma vez mais dar más notícias. O Boletim Económico do Banco de Portugal/Verão 2005 não é leitura que se recomende para a praia. De nada valeram estes três anos em que, mês sim, mês não, nos vieram prometer a "retoma". Nunca chegou a chegar. Segundo o proficente Constâncio, sem ainda termos propriamente saído de uma, já corremos sérios riscos de entrarmos noutra recessão. A imatura economia portuguesa, sombria e cercada pelas piores "perspectivas" exteriores, continuará axfixiada. Os milhões do eng.º Sócrates e do dr. Pinho correm o risco de submergir neste turbilhão global em que uma economia periférica, pobre e materialmente subdesenvolvida, pouco mais pode fazer senão esperar. Entretanto o país arde alarvemente perante a impotência aparente dos poderes públicos. Isso também soma ao "incremento" negativo da economia e da "confiança" das gentes. Uns escassos meses depois de um novo fôlego e de uma "nova esperança", o país adormece para o Verão em estado de pré-pesadelo. O regresso à realidade, com autárquicas, escolas, fábricas, empregos públicos e privados "a arder", promete ser doloroso. No fundo, a "história" destes últimos tempos apenas regista o percurso de um imenso fracasso, uma espécie de "choque tecnológico" ao contrário. E a falta de vivacidade e o ar permanentemente timorato do ministro da Finanças já começam a fazer parte desse percurso. Tudo e todos me fazem lembrar o título de um livro antigo e esquecível que não desejo premonitório: um verão antes das trevas.

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