Ouvi há pouco o dr. Barroso, com aquele seu optimismo de pacotilha, babado de alegria por o Luxemburgo ter votado favoravelmente o tratado constitucional europeu. De uma penada, e graças ao voluntarismo do sr. Juncker - que foi, aliás, recompensado nas urnas -, Barroso voltou a desenterrar o cadáver da Constituição Europeia. Falou num "plano D", de "diálogo", de todos com todos, para ultrapassar a "crise". Estava muito contente. Felizmente para ele e para a Europa, agora quem manda provisoriamente é outro mestre do sorriso plastificado, o sr. Blair. E de certeza que a última coisa que o preocupa neste momento, é o futuro do tratado. Depois de Londres e dos transes da União, este semestre britânico anuncia-se de chumbo. As medidas de vigilância avançadas pelo ministro inglês do Interior, com limitações declaradas dos direitos de cidadania, não auguram nada de bom. Se começamos a ter medo da própria sombra, instituindo sistemas de controlo securitário para além do estritamente necessário, entramos num caminho perigoso e declaradamente inútil de "prevenção" do que é imprevisível. Abusar, em democracia, dos privilégios que ela outorga ao poder, é diminui-la e apoucá-la diante dos seus inimigos. Não se ganha nada em "fechar" a "sociedade aberta". Este é um dado a que convém prestar verdadeira atenção e jamais aos delíquios provisórios do dr. Barroso.
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