30.1.09

UM RETRATO

«Em Coimbra, matriculou-se no recém-criado Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), por onde viria a obter, mais uma vez com nota medíocre, o grau de bacharel. Como diria: "Aos vinte e um anos, eu tinha tirado o sétimo ano, tinha estado quatro anos em Engenharia, também não queria ser muito engenheiro, mas era melhor ser engenheiro do que não ser", após o que acrescentava: "Eu esperei que a vida me surpreendesse, esperei pelo meu Sol". Antes, teve de assinar projectos de construção feitos por outros, com o objectivo de transformar barracões horrendos em mansões ainda mais horrendas. Ao que me dizem, trata-se de um costume nacional, o que nada explica nem desculpa, uma vez que nunca se devem assinar coisas que não são da nossa autoria. Começavam as trafulhices. Vieram outras. Embora o seu "curriculum" fosse confuso e mais confusa ainda a Universidade que lhe dera o diploma, resolveu promover-se a engenheiro. Na política, fez parte da geração, criada em redoma dentro dos aparelhos partidários. A sua única experiência profissional era a de técnico da Câmara da Covilhã, para onde, na década de 1980, havia sido levado pelo pai. Depois, foi deputado, secretário de Estado e Ministro do Ambiente e, a 15 de Julho de 2004, candidatou-se, com êxito, à liderança do Partido Socialista. A 12 de Março do ano seguinte, era convidado a formar governo. Por fim, o Sol alumiava-o.»

Maria Filomena Mónica, Jornal de Negócios

11 comentários:

Chloé disse...

Só não gostei da generalização
Na política, fez parte da geração, criada em redoma dentro dos aparelhos partidários.

Nem toda, nem toda!

Ou então faltou o determinativo de "geração", no caso, geração de políticos.
Não é preciso meter tudo no mesmo saco!

Anónimo disse...

é digna de inscrição no guiness a res gestae do pm.
alguém publicou num comentário de blog a "trapalhada" da sociedade com vara e outros que teriam sido condenados.
são demasiados os capítulos desta telenovela.
a almeida, que não é da câmara, entrou da pior maneira. prefiro aquela numerosa e decente
família: os "Almeidas da Câmara".

radical livre

Anónimo disse...

Parabéns João em te teres lembrado de publicar este texto!
Adorei a prosa de Filomena Mónica: tudo muito BEM escrito e ACERTADO!
Marezia

Anónimo disse...

Excelente artigo!
Contrasta com as prosas de certos serventuários do socretinismo (alguns um verdadeiro espanto...) tirados da cartola à última hora.
É grotesco o que se está a passar com certas múmias acabadas de sair dos sarcófagos para defender o indefensável.

Anónimo disse...

Se for culpado, vai ficar a representar a ponta final de um regime (pelo PS).
A outra ponta, constituida por Valentim Loureiro (PSD). Um honesto capitão expulso do Exército(no tempo em que os animais falavam), mas com pleno êxito na política do regime.
Se não for culpado, como esperamos que não seja, está a perder uma óptima oportunidade. Para se revelar um tipo superior.
JB

Anónimo disse...

LR:
Esse Português anda muito por baixo.Leia lá bem:
"Na política, fez parte da geração, criada...."
Que tal, só se refere aos políticos, verdade?

Tino disse...

Não aprecio certas posições de MFM.

Mas ainda consegui dar uma gargalhada, apesar da profunda trizeca com que vejo o afundamento da Pátria às mãos da pior corja que o governou em quase 900 anos.

Anónimo disse...

Frustração e azedume, é o que a criatura destila. Donde virão?
De coisas da Pátria? Deixem-me rir.
J. Arnoso

Luisa Paiva Boléo disse...

Neste momento é politicamente correcto "cascar" no PM, se forem muitos a fazê-lo pode ser que acabe por cair, mas então, por favor façam uma limpeza geral. Autarcas com processos que são eleitos, gente do futebol muito suspeita (agora estão em pousio), outros políticos de outros Freeports, outros tráficos de influências, outros abusos do poder, outros favorecimentos.
Depois da limpeza não sei se apenas MFM escapará. Fala de sempre de cátedra.É um estilo!
Sócrates não é certamente um político simpático, mas terá mesmo estes telhados de vidro? Não acredito. Felizmente que faltam 8 meses para as eleições legislativas e autárquicas, até lá quantos «casos» não vão nascer e morrer. Vítimas vou ficar sentada à espera para ver. Para mim tudo isto me parece «muita parra e pouca uva.» É preciso criar casos para vender jornais e ocupar or telejornais. Como protagonista antes José Sócrates que Maddie e Esmeralda.

Anónimo disse...

Culminámos o fim de uma época negra, de vigarice e corrupção nunca vista. Esta crise política também pode gerar uma NOVA OPORTUNIDADE de começar um ciclo novo, com outras pessoas, que podendo ter concepções diferentes sobre a sociedade, possuam uma base fundamental: princípios.
Sócrates tem que ir embora, o PS tem que abrir os olhos, os partidos e as instituições têm que se ver livres de toda esta gente e (re)começar de novo. Antes que seja tarde…

Anónimo disse...

O nosso grande mal é que os candidatos que estão mortinhos para ver este ou aquele político cair, e fazem muita força para que tal acontecça, melhores também não são.. Mas quem é que se importa com isso? Basta alcançar o tacho, servir-se bem e depressa toda a gente/imprensa se ocupará de novos escândalos que não servem para corrigir os males de que padecemos...Não vou neste coro de indignação que está sempre pronta a julgar antes de ter provas...