12.1.09

A RELEVÂNCIA DO QUE SE COMUNICA


«Afirmamos viver na "era da informação" e é verdade. Mas seria bom considerar a relevância da comunicação. Pensando bem, sobre as coisas que realmente interessam, sabemos menos que os nossos antepassados. Antigamente vivia-se na aldeia e todos conheciam tudo sobre todos. As casas tinham portas abertas e paróquia, botica ou barbeiro eram excelentes meios noticiosos. Hoje, com o anonimato urbano e privacidade escrupulosa, o nosso conhecimento é mínimo sobre o que nos afecta directamente. Mas sabemos imenso sobre coisas irrelevantes. Guerras e eleições longínquas, intrigas e conspirações mirabolantes e vasto sortido de desastres e calamidades constituem a dieta informativa quotidiana. Pensando bem, essas coisas não valem mesmo nada para a nossa vida.»

João César das Neves, via Povo

5 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo com João César das Neves. Acho que sabemos imenso da vida privada das pessoas através da comunicação social. Somos mesmo intoxicados com a pequena Maddie, a pequena Esmeralda, os pequenos da Casa Pia, a pequena Joana e muitas mais pequenas coisas deste pequeno país.

Agora as guerras longínquas e as grandes calamidades devem interessar-nos, não só porque são acontecimentos mais importantes do que o trivial quotidiano mas por serem susceptíveis de influenciar a nossa vida. Acho até que enquanto os primeiros casos, salvaguardadas as excepções, não passam de bisbilhotice e "voyeurismo" os segundos podem alterar radicalmente as nossas vidas. Recorde-se que um pequeno acontecimento em Sarajevo, quando um estudante matou o herdeiro do trono austro-húngaro, desencadeou a Primeira Guerra Mundial.

Anónimo disse...

Estou 100% de acordo com o Dr. César das Neves.

É preciso ter a paciência do garimpeiro: no meio de muito cascalho e entulho lá aparece uma pepita que, para se determinar o seu peso e valor correcto, tem que ser posteriormente analisada e comparada em diferentes "laboratórios".

Anónimo disse...

a abertura dos telejornais faz-me lembrar a manchete de jornal do final do séc. XIX
«tiros no conde barão, facadas no principe real»

radical livre

Aladdin Sane disse...

ALDEIA GLOBAL
[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

anda eufórica toda a gente com a era da informação fechada em casa ligada à rede ou grudada à teelvisão na vertigem das notícias em constante circulação sempre mais e mais depressa tornou-se a grande obsessão "é a aldeia global" - explicam num júbilo imbecil, prontos a desfilar o rosário de maravilhas dos novos tempos, sem discernirem que aldeia sempre foi o sinónimo de isolamento e conformismo, de mesquinhez, aborrecimento e mexerico e que, de qualquer modo, o que verdadeiramente importa se mantém secreto. do além-mar ou da mafia julgam que tudo se pode saber econonomia ou política? o difícil é o escolher crimes de sangue relatos de amor são mais fáceis de perceber "é a aldeia global" - explicam num júbilo imbecil, prontos a desfilar o rosário de últimos acontecimentos, sem discernirem que, contrariamente ao mundo observado directamente, em que a relação com o real é absoluta, estão a consumir meros resumos simplificados da realidade, manipulados num fluxo de imagens de que são simples espectadores e cuja escolha, cadência e direcção não controlam nem têm possibilidade de verificar a veracidade e em que, finalmente, no frenesim meticulosamente planeado de dados surpreendentes, o que verdadeiramente importa se mantém secreto. o que importa é saber onde raio se oculta o poder

Mão Morta - álbum "Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável", um trabalho que teve como ponto de partida o discurso situacionista de Dèbord.


(a escrita e a pontuação surgem como no sítio da banda)

Nuno Castelo-Branco disse...

Queres mais uma? O CRonaldo é o "melhor do mundo". Isto, porque decididamente o que fez na Selecção não contou para a coisa. Vá lá, muito vivório e foguetório durante toda a semana...