13.1.09

PARA QUÊ?

Já aqui escrevi que uma das maiores pragas dos tempos que correm - e que tanta alegria trouxe aos optimistas antropológicos - é o aumento da "esperança média de vida". Uma das suas medonhas consequências, uma vez que o "estado social" não aguenta tudo, é obrigar um tipo a trabalhar quase até ao minuto que antecede a entrada no forno. No fim de semana, o Le Monde (um jornal onde os nossos jornalistas podiam aprender qualquer coisinha) fazia manchete com o problema da "sobrepopulação". Há gente a mais no mundo e ainda querem que haja mais. Nascem pouco e poucos morrem. Quase todos têm de trabalhar até à queda final. Como escreveu Fernanda Botelho, "tudo à minha volta assume um cariz gerôntico." Para quê?

2 comentários:

Anónimo disse...

Francamente, João...

Anónimo disse...

Exacto, João Gonçalves! Para quê?
Eu partilho do entusiasmo desses optimistas antropológicos se ao aumento da esperança média de vida se acrescentar "com qualidade, liberdade e dignidade". Esta é, em meu entender, uma das reflexões mais importantes do nosso tempo.

Eu concebo a velhice como uma condição Respeitável, a mais respeitável (se isso for possível) das condições humanas.

Eu pessoalmente, quando chegar "a minha hora", gostaria que o mais novo dos meus descendentes nessa altura me recordasse como homem livre e digno. Que a memória que guardem de mim seja parecida com a memória que guardo dos meus avós.

Não estou interessado em "quantidade", estou interessado em "qualidade".