29.9.08

OS PROSÉLITOS DE ÉVORA


Meia dúzia de homossexuais católicos esteve reunida em Évora. Não escrevo "católicos homossexuais" porque as criaturas dão mais importância ao facto de serem homossexuais do que católicos como se as preferências íntimas de cada um tivessem alguma preponderância "socio-cultural". Concluíram inevitavelmente que a Igreja é homofóbica e pouco inclusiva. Um dirigente da JS até esteve presente para celebrar o nojo destes heróis. No fundo, o ridículo conclave de Évora destinou-se a demonstrar, pela enésima vez, os nefastos efeitos - individualmente sentidos - da culpa judaico-cristã e a seguir os "mandamentos" do "correcto". Não lhes passou pela cabeça que a Igreja não existe para se "adaptar" ao "modismo" do momento. Desde a sua existência - praticamente desde que Jesus confiou a Pedro a tarefa de a erguer a partir de uma rocha - que a Igreja alberga "pecadores". Toda a vida da Igreja, aliás, se justifica porque há "pecadores", nem mais nem menos "justos" do que os que se imaginam "imaculados". Estes same sexers é que possuem um duplo problema. Por um lado, convivem mal com a sua fé. E, por outro, sentem-se desconfortáveis na sua sexualidade. A Igreja pode ajudá-los quanto ao primeiro aspecto mas não interfere - ao contrário do que eles se queixam - no segundo. O que eles não podem exigir é que, como repetidamente tem dito Ratzinger, a Igreja faça proselitismo. Os partidos e as "organizações da sociedade civil" podem fazê-lo à vontade. A Igreja não.

9 comentários:

António Pereira disse...

A este post ora escrito e publicado pelo estimado João, que aproveito para cumprimentar aqui do recanto onde me encontro, merece-me nota 20. Até dá gosto e prazer ler prosa desta, lúcida e ímpar nestas coisas da blogosfera.
O que eu gostava de saber escrever assim.
Beja caro João, e um forte abraço cá do velhote.
http://velhote75.blogspot.com/

João Amorim disse...

Muito bem.

Unknown disse...

Ora, nem mais.

Luis Gaspar disse...

Concordo consigo em termos de doutrina (aliás, eu próprio escrevi algo parecido há uns anos, na altura referente ao uso de contraceptivos), mas não me parece que a sua postura seja mais Católica que a dos senhores de Évora. Faltou-lhe claramente a caridade, virtude cardinal do Cristianismo. Aliás, parece que cada vez mais falta Caridade, e eu falo obviamente de mim também, como se ela já não fosse importante perante a tamanha crueldade e ignorância do mundo. Ora nunca foi mais importante.

Anónimo disse...

Muito bem posto o problema.
Mas o ícone dos santos Sergius e Bacchus, faz-nos pensar se a comunhão de vida entre duas pessoas que se amam e praticam entreajuda não deveria ser valorizada como aquela que tem por fim essa comunhão e entreajuda mas também a realização da procriação.
A igreja não deve ir atrás de modismos. Perfeitamente de acordo.
Mas a Igreja sempre teve uma má relação com o sexo que deveria a meu ver ser revista.
Os homossexuais que são católicos, esquecem-se que o problema da contracepção é também muito grave. Tão grave que a maioria dos católicos europeus não liga pêva. Mas a igreja é católica e por isso universal e com isso cria graves problemas noutras partes do globo onde os ensinamento da Igreja são seguidos à risca!
Xico

Anónimo disse...

Há sempre pseudo-católicos para todos os gostos. Apesar de na Bíblia sempre se dizer "Concebeu e deu à luz" ou "a criança saltou-lhe no ventre" (sinal evidente da importância da vida antes de nascer) também houve o movimento "Nós também somos Igreja" quando o aborto andava na boca do mundo e na pílula importada da Holanda. Inchados como a rã da fábula (pelo jornalismo sedento de inutilidades) não percebem que rebentam de estupidez.

Anónimo disse...

A Igreja não tolera a homossexualidade como não tolera o sexo fora do casamento, como não tolera o sexo sem a procriação. Em relação a estas ovelhas desviantes, que são a grande maioria, a Igreja apenas aceita perdoar. Ora perdoar significa que esses que vivem para o prazer sexual devem sentir-se culpados. Uma pescadinha de rabo na boca que não tem solução, muito menos com estes grupos de homossexuais católicos. A única forma de se libertarem é mandarem a igreja católica, apostólica romana às urtigas.

Zé Maria Duque disse...

Mais uma vez obrigado por um belissímo post.

Daniel Azevedo disse...

Caro João Gonçalves

"Não lhes passou pela cabeça que a Igreja não existe para se "adaptar" ao "modismo" do momento. "

Eu posso argumentar que desde Constantino, a Igreja não tem feito outra coisa que não seja 'adaptar-se' ás correntes da época.
O cisma com os Ortodoxos, a contra-reforma e o Vaticano II são trÊs momentos flagrantes de adaptação face ao mundo exterior.