28.2.08

DA RESPEITOSA IRREVERÊNCIA

«Qualquer trabalhador por conta de outrem, docente universitário ou jornalista, empregado de livraria ou contabilista, funcionário público ou quadro de empresa, não pode ignorar o feedback das suas irreverências face à imagem do empregador.» Muito bem. Então o Eduardo defende que, na dúvida, é melhor que "qualquer trabalhador por conta de outrem, docente universitário ou jornalista, empregado de livraria ou contabilista, funcionário público ou quadro de empresa", não escreva em blogues ou, em alternativa condescendente, possa escrever mas apenas sobre a Oprah, touradas, futebol, Catarina Furtado (estas quatro categorias estão evidentemente interditas a jornalistas), frangos no churrasco ou autores "consensuais" como Paulo Coelho ou Margarida Rebelo Pinto (estes dois estão vedados aos empregados de livraria)? Ou que se reforme para poder escrever livremente e sem problemas de "imagem"? Ou que mude para Marte? Esclareça lá.

13 comentários:

joshua disse...

Este é um dos tópicos em que gente com brilho e mérito e currículo, como o Eduardo, tombam de bruços e preferem o respeitinho e uma verticalidade de prumo e autómato àquela irreverência criativa e crítica que só refresca o fazer nestas actividades.

Quanto a mim, nesta matéria, tais postulados relevam de uma deliberada acefalia.

E é pena!

PALAVROSSAVRVS REX

António Erre disse...

Em termos de pura verve e ditatorial impacto, o Eduardo tem uma vida e um espírito que se destaca de longe de todos os outros! rsrsrsr

Nuno Castelo-Branco disse...

Nesse caso, João, é igualmente legítimo esperar do "empregador", um mínimo de decência na exibição das suas irreverências, ou seja:
-tachos reconhecidamente obtidos por favor dos amigos que amplamente se conhecem
-mordomias (automóveis pagos pelo vulgo, contas de telemóvel e despesas e representação, viagens, etc).
-flagelamento público dos seus iguais, diante de toda a parvónia. Ainda não perceberam que cavam a própria sepultura, e de retro-escavadora?!

Já agora, assumam o modelo dos senhores Ahmadinedjad, Putin e quejandos: estabeleçam normas. Por exemplo, idênticas aquelas impostas pelos "democratas" pequineses ao Google. Que tal?

Anónimo disse...

Devem fazer como eu: só penso o que o meu chefe pensar e, quando há eleições, só voto em quem ele indicar. Sou feliz!... :=)

Laura Duarte disse...

È a vida.
E a economia de mercado a funcionar.

Laisser-faire...

Anónimo disse...

Liberdade e responsabilidade, é assim que vejo a actuação de um professor, de um gestor, de um funcionário, de um empregado. Mal estarão as instituições ou empresas que têm medo das “opiniões” de um dos seus…Imagens e reverências, éticas ou morais, cada um toma as que quer.

Anónimo disse...

Como é que ela se chamava, a directora regional da educação do Norte ?

VANGUARDISTA disse...

Este espírito censor, bufo e repressor, organizado em mantilhas de canalhas já vem de longe, do tempo da inquisição, talvez até do tempo da conquista aos mouros, esteve no absolutismo, viveu no liberalismo, fervilhou na 1ª Rep.
O Estado Novo domesticou-o, tornou-o prático e socialmente útil, enquadrou-o jurídica e funcionalmente numa polícia política, que cuidava, com “brandos costumes” dos interesses do Estado.
Após o 25 A também este “feitio colectivo” se desnorteou, em prisões sem mandato judicial, em perseguições, delações e arbitrariedades revolucionárias, para o saque e gozo de alguns.
Amainou uns anos, mas as maiorias absolutas fizeram reviver este “carácter” intolerantemente saloio, do português médio e suave, na sua ânsia de agradar ao chefe, ao patrão, ao senhor que tem o poder, que se julga eterno ou, pelo menos durável.
Foi assim no Cavaquismo (já não se lembram?) é assim agora com “Sócretinismo”.
Mas por outro lado convenhamos que, nesta “democracia do politicamente correcto”, contraditoriamente, se vem confundindo liberdade com libertinagem, critica com injúria, irreverência com grosseria, humor com difamação, num rodopio de equívocos que atiça o delator compulsivo e o censor patológico que existe em 99,9999% dos portugueses.
Nota final: Numa leitura rápida e na diagonal do blogge do visado parece-me intelectualmente impróprio de um docente universitário, para o que vos transmito um exemplo de infeliz grosseria de quem julga ter humor:
os Cristãos em vez de andarem com uma (imagem de uma cruz) ao pescoço, provavelmente andariam com uma cadeira eléctrica ou com uma seringa...??? (imagem de smile)

O problema se calhar não está na liberdade de se “bloggar” mas na facilidade com que se chega à licenciatura, aos mestrados, aos doutoramentos e até às cátedras.

fado alexandrino. disse...

Imagine que o senhor trabalhava num escritório de advogados (ou coloque aqui o que lhe apetecer) e que um seu colega de escritorio publicava na net videos e intervenções com a qualidade dos que o senhor em questão apresentava.
O senhor ficava satisfeito.

Anónimo disse...

E deve usar sempre uma gravata discreta...de preferência preta ou no mínimo cinzenta!
Xico

Anónimo disse...

Como diz um post mais acima, eles que acabem com a exibição dos tachos, Mercedes que são nossos e outras despesas que são feitas à nossa custa. Basta de chulismo.
Pedro Matias
Lisboa

Unknown disse...

Assino por baixo os posts do eduardo, o primeiro, e o que tem atalho para este. Toda a razão!

fernanda disse...

"Liberdade e responsabilidade, é assim que vejo a actuação de um professor, de um gestor, de um funcionário, de um empregado. Mal estarão as instituições ou empresas que têm medo das “opiniões” de um dos seus…Imagens e reverências, éticas ou morais, cada um toma as que quer."
Ora bem, concordo com a liberdade e responsabilidade de todos. Mas em que consiste isso?
Poder expressar-se livremente, também acho. Mas isso refere-se a quem? Os que não concordam não podem exprimir-se?
E livremente quer dizer que se pode dizer tudo o que nos passa pela cabeça, insultos, boatos, mentiras, Tudo? E a responsabilidade... Ainda ninguém conseguiu conciliar a liberdade com a responsabilidade...Porque quando se opõem é o cabo dos trabalhos ...