15.10.06

O CONCURSO DAQUELE CUJO NOME NÃO SE PODE DIZER

A rapaziada oficiosa que apareceu no programa da RTP, "Os Grandes Portugueses", apresentado pela sra. D. Maria Elisa, e que discorreu sobre o "seu" melhor português, era previsível. Dos que foram "apanhados" na rua, nem vale a pena falar. Até Bárbara Guimarães e Mourinho surgiram como "grandes". Percebe-se que o primeiro programa foi gravado antes da pequena polémica em torno do Estado Novo. Descontando uma jovem, estudante de direito, que ousou mencionar Marcello Caetano, o mais próximo "daquele-cujo-nome-não-se-pode-dizer" que se arranjou (participante no "28 de Maio", chefe da delegação militar em Washington e director-geral da aeronáutica) foi esse "herói" tardio da oposição chamado Humberto Delgado. O concurso, à altura do regime e dos tempos, promete. É de esperar o pior.

18 comentários:

António P. disse...

Caro João Gonçalves,
Trata-se apenas de um concurso ! Para quê gastar tanto tempo e cuspo ao tema ?
Já estamos como ao futebol. Os que gostam só falam dele ...os que não gostam idem !!
Cumprimentos

Anónimo disse...

O que me admira, é insistência em chamar grande, a quem teve a "faca e queijo na mão", dados de mão beijada, por uns militares que não sabiam, sequer, governar um Quartel.

Não preparou o futuro, pois a Guerra Colonial ai está para o provar.
E pior, levou à entrega directa das "colonias" precisamente a quem as não queria entregar, sem que Portugal tenha ficado sequer com pinga do prestígio de as ter descoberto e governado durante séculos.

Anónimo disse...

Talvez fosse tempo de pensarmos menos em "grandes" e mais em "pequenos".

Talvez não fosse pior eleger como o maior português de sempre esse «soldado desconhecido» que trabalha e tem boa fé, diz a verdade e faz o melhor que pode com o pouco que lhe ensinaram, e que é sempre entre nós alvo de escárnio e desprezo.

Bate-chapas e motoristas de pesados, canteiros e empregadas domésticas, soldadores e enfermeiras, e outras profissões menores. Ou eu me engano muito ou são os pequenos que fazem os países grandes, não o contrário, De grandes, chega-nos o exemplo de Hitler e Estaline!

Se o autor do blog me permite, convido os outros leitores a visitarem de novo o post de ontem sobre Arendt e a reflectirem um pouco mais sobre o tema.

joeindian disse...

Se não se importam, vou dizer qualquer coisinha. Salazar. Obrigado. Viva a Democracia, ou isso.

Anónimo disse...

O concurso até nem foi mal pensado.....Poderá ser um bom progrma/concurso.....o que o poderá estragar é a "prata da casa", mas ...não temos outra!!!
Quanto ao "grande português" não implica que seja um nome conhecido.....tal como Mª: Elisa disse: poderá ser um nosso vizinho...um amigo....o qual, por sinal, até é pedreiro ou canalizador, ou trolha..., porque não?? GRANDE´, neste caso, significa "com carácter", "que fez algo em benfício dos outros", por ex....etc.

Miguel Marujo disse...

Mas porque é que tinha de haver um portuguesinho da silva qualquer a falar no Salazar?! Estamos a falar de «grandes» portugueses. Não me parece que um ditador seja grande.

solas_na_mesa disse...

a ideia do programa é boa e poderá servir para discutirmos os nossos passados. talvez dessa forma possamos entender o presente para termos um melhor futuro.
mas parece-me que o dito programa redundou numa palhaçada. Uma lista com Vasco Gonçalves ou Maria de Medeiros... não pode ser levada a sério.

parabens pelo blog,
Ricardo
http://www.solasnamesa.blogspot.com/

Anónimo disse...

Miguel Marujo,
Ditador, sim, mas probo. Simboliza ele a grandeza da probidade perdida. Uma probidade de quasi cinquenta anos. Ele um dia tinha duas galinhas e a dona maria ia levar milho às galinhas. Pois esse homem probo, foi contar grão a grão o milho que a dona maria dava a cada uma, não fosse ele ficar a dever alguma coisa a uma das galinhas. Precisamente por ser probo. Os politicos agora vão ao restaurante e não pedem canja de galinha. Pedem é bifes altos, ora. A politica agora é uma porca. Pudera. Agora, qualquer um se mete na política. Homes probos (poquiiiitos…) e homes improbos.

Miguel Marujo disse...

Sim, sim, anónimozinho. Fique lá com essa probidade, que ao senhor nunca lhe chegaram os esbirros da PIDE. Tivessem-lhe dado uns tabefes, enfiado em cavernosas celas ou torturado dias a fio, e o senhor não vinha com essa pesporrência da probidade. Meta-se na política, a ver se melhora.

João Villalobos disse...

A tradução usual dessa referência Harry Potteriana é «aquele cujo nome não pode ser pronunciado» :)
Aqui, no entanto, é não só nomeado bastas vezes como quase omnipresente. (Suspiro! :)
Abraço

Anónimo disse...

Pois o Miguel Marujo insiste? E manda-me meter na politica? Pois o problema, precisamente, é que agora qualquer um se pode meter na politica, ouviu? Que eu sou um homem probo!

Miguel Marujo disse...

Probíssimo, meu caro. A começar no anonimato.

Anónimo disse...

Estou a brincaaaar, Miguel Marujo! Isto era a propósito do “pessoalmente probo” do João Gonçalves, que achei delicioso. Mais o “pessoalmente”, até, do que o “probo”, confesso. Mas é de facto voz comum que o Salazar (vê que não custa nada, João?) era ditador, mas era honesto. É uma acepção curiosa de honestidade, que tem a ver com a tal nossa maldita herança salazarenta…E eu fico a imaginar um gajo a dar torturas com choques eléctricos, mas a ir pagar a continha da electricidade à EDP. É um bocado como aquele mito urbano de que antigamente não havia corrupção e nepotismo. A memória prega-nos partidas curiosas, e quem não a tem, inventa-a à medida dos desejos. É como, para muitos de nós, imaginar que o Eusébio nunca foi beneficiado pelo árbitro.

antónio, um gajo probo, ou isso

Anónimo disse...

........para completar, só faltava mencionar o Eusébio...coitado!

Anónimo disse...

E ninguém explica porque é que Catarina Eufémia faz parte da lista?

Anónimo disse...

País de tanto ter e haver
berço de tantos canalhas
alguns, até com medalhas
que sugaram tua riqueza
agora um país de tristeza
sem rumo e sem querer.

Anónimo disse...

País de tanto ter e haver
berço de tantos canalhas
alguns, até com medalhas
que sugaram tua riqueza
agora um país de tristeza
sem rumo e sem querer.

Anónimo disse...

O Prefeito do Via Sacra"


Eu estudei no Colégio da Via Sacra, em Viseu, no ano lectivo de 1974/75.Este Colégio católico é célebre por ali ter estudado o famoso "prefeito do Via Sacra",António de Oliveira Salazar.Enquanto prefeito,com 19 anos,orientava os salões de estudo,camaratas e refeitório.Durante o dia ia para as suas aulas exteriores ao colégio,continuando os seus estudos no caminho à Universidade de Coimbra.Ouvia-se falar do antigo prefeito como um homem de sensatez,de maturidade,sendo descrito como um jovem execepcional.Foi também quando ocupava este cargo, reservado aquele que foi considerado o "melhor entre os melhores estudantes", que redigiu o poema-hino da escola.

"Nós queremos ser filhos
Da Pátria sem rival
Queremos a grandeza
Do nosso Portugal"

"Este era o refrão."

Além de poeta, Oliveira Salazar foi ainda dramaturgo e organizou saraus culturais para os alunos.Outra das particularidades que Salazar tinha, e que mais tarde, durante 48 anos veio a confirmar, era uma vocação para orientar as vontades como se prova num dos textos por ele escritos no "Echos da Via Sacra", jornal interno desta escola."Sabeis, meus amigos, o que é dizer uma falsidade num jornal?", Pergunta Oliveira Salazar, para ele próprio responder: "É envenenar as almas singelas que o creem, é ludibriar os que em nós confiam, é desorientar os que por si não podem averiguar da veracidade de todas as affirmações".Assim pensava e assim fez: durante quase meio século o Estado Novo tratou de evitar que os portugueses, como diz Oliveira Salazar, fossem "ludibriados", "envenenados" e "desorientados"."Que respeito, meus amigos, nos não deve merecer a imprensa tão útil e tão prejudicial, e com que cuidado não devemos pensar os nossos artigos e pesar as afirmações que neles fazemos! Que nunca a nossa pena se desonre com uma falsidade, nem a nossa bôca se manche com uma mentira", defendia o prefeito Salazar no jornal do Colégio da Via Sacra, prenunciando aquilo que faria anos mais tarde na condição de "prefeito" de Portugal. Apenas acho que em relação à descolonização devia ter dado um passo para a autodeterminação,mas não entregue de qualquer maneira,deixando os portugueses na miséria,como fez Mário Soares.Aliás os portugueses em África, com sacrificios e lutas diárias,não tiveram a visão dos sul-africanos que na guerra dos bohers iniciaram a sua independência.
Afirmou-se sempre um Homem de carácter,recto,de seriedade a toda a prova.
Era um homem que pagava as férias do seu bolso no Forte de S. Julião da Barra em Oeiras.Hoje "residência oficial do Ministro da Defesa"!...onde Paulo Portas residiu enquanto tal.Exigiu pagar do seu bolso a luz de S. Bento.Então fizeram-lhe meia vontade,apresentavam-lhe a conta não total,porque a luz de S. Bento não era só da sua residência,mas os serviços e ANP.Morreu pobre,era um provinciano,gostava da sua terra Stª Comba Dão.Era uma pessoa que apesar de o conotarem com a igreja e com o seu amigo Cardeal Cerejeira,impunha um grande respeito à igreja,não tendo medo de a afrontar.Servia em S. Bento vinho da sua terra.Não gostava de viajar de avião.Não ostentava vaidades.Sabe-se o quanto era poupado.Tentava conservar ao máximo os seus botins.Trabalhava muito,sem horários.Dedicou a sua vida a Portugal e morreu pobre...Resta lembrar os seus dotes de professor na Universidade de Coimbra,onde também estudou.
Para lá da Segunda Guerra Mundial,a quem Portugal lhe deve a sua "isenção" na guerra.Já naquele tempo o governo português se debruçava com problemas semelhantes aos de hoje,ao nível internacional:

-Perspectiva de Lisboa:
"A distância a que Portugal se encontra da zona perigosa da Europa dá-lhe perspectiva para apreciar os acontecimentos, especialmente quando o observador é o Primeiro-Ministro português, que além de ser um estadista, é um filósofo.O Sr. Doutor Oliveira Salazar está convencido que a guerra na Coreia näo precipitará, antes pelo contrário, uma guerra mundial, primeiro, porque revelou aos russos que näo podem contar com o abstencionísmo americano, segundo porque mostrou aos americanos a solidez das posiçäo russa num continente em que eles podem fornecer largamente os exércitos vermelhos.
O Dr. Salazar avisa os americanos de que näo podem ser uma espécie de bombeiros voluntários, acudindo a combater todos os fogos...""Truth", de Londres, no seu número de 18 de Agosto, p.p., - 1950

Também, na mesma altura, o jornal marroquino "Dépêche Tunísiene", de Túnis escreve:

"Em qualquer outro país em que um homem de Estado tivesse levado a cabo uma obra semelhante à do Presidente do Conselho de Portugal, teria servido de pretexto a regozijos públicos. Embandeirariam em arco, teria havido paradas militares, e o heroi da festa mostrar-se-ia às multidöes e, sem dúvida, pronunciaria um discurso retumbante...Esta modéstia excessiva dum homem de Estado que ficará entre os maiores da História, näo deverá deixar esquecer ou desconhecer aquilo que o seu imenso trabalho representa.(...)"

Este texto não é uma apologia de Salazar,mas uma contestação histórica.


O Professor Dr. António de Oliveira Salazar merece ser visto à luz da verdade e com isenção política tendenciosa.Merece que lhe seja prestada justiça pelo seu patriotismo, quer se goste ou não da sua actuação e pensamentos.


Mário Relvas

www.colegiodaviasacra.net

http://aromasdeportugal.blogspot.com

Parabéns pelo blog caro João,desculpa-me a intrusão!