10.2.04

O MODELO E A CAUDA

Estão reunidas no Convento do Beato cerca de 500 almas, com idades compreendidas entre os 30 e os 50, e que se dedicam ao empresariado, à gestão e à universidade. Estes peregrinos estão em busca de "um modelo para o nosso desenvolvimento" o qual, no final da busca, deverá retirar-nos liminarmente da "cauda da Europa". Intitulam-se pomposamente "Compromisso Portugal" e preparam-se para vergastar o Estado, celebrar a "sociedade civil" e aplaudir a "veia reformista" do Governo. No meio desta paripatética assembleia estão grandes "patriotas" que, no passsado recente, assinaram um "manifesto" contra a invasão económica espanhola. Entre eles, há mesmo alguns que quase logo de seguida se colocaram, com o mesmo patriotismo, nas mãos dos vizinhos. O que é que se pode esperar desta gente? Praticamente nada. Muitos dirão mal do Estado que os mantém como gestores, outros reclamarão do mesmo Estado mais prebendas e alguns enunciarão inocuidades e vagas sugestões para obterem a benção governativa. Esta "geração" de "empreendedores" brota quase toda do embalo maternal do Estado. Uns, de uma forma directa, outros pelos "negócios" com o lado público da Nação os quais basicamente lhes garantem a sobrevivência. A "sociedade civil" portuguesa, de que se orgulham, raramente ultrapassa os patamares da indigência. Estes exercícios onanistas podem fazer esquecer, por breves instantes, a realidade. Porém, entre o "modelo" e a "cauda", haverá sempre uma crepuscular "distância subitamente impossível de percorrer"

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