Carlos Abreu Amorim é um caso típico da esquizofrenia que se apoderou das melhores cabeças. Digo assim porque, intermitentemente, o Carlos me prova que tem, afinal, uma. Eu percebo que isto de ser comentadeiro oficioso - isto é, pertencer àquele grupo iniciático que desliza de televisão em televisão e de jornal em jornal tendo em vista a ilustração do povo com o "dever ser" da norma - dá muito trabalho e provoca danos irreparáveis à espinha. Por isso, quando me perguntam por que não escrevo num jornal ou peroro numa televisão, respondo invariavelmente que estou confortável no meu canto. E aqui até podia "jogar" com os Cantos do Pound mas isso ia valer-me mais um momento de indignação asinina. Esta "via espanhola" do Carlos não surpreende. O Carlos detesta a dra. Ferreira Leite embora, inexplicavelmente, a dra. Ferreira Leite consiga sobreviver a isso e sair de casa todos os dias apesar dos vampiros. O Carlos pertence a um pequenino universo opinador que ignora (no caso dele nem sequer é por analfabetismo simples ou funcional) que há apenas dois problemas a decidir no dia 27 e que ambos estão relacionados. O primeiro é o endividamento externo. O segundo é Sócrates que (nunca vi o Carlos ou ersatz preocupados com isto) nunca se lhe refere. O Carlos, ao invocar o "mundial" de não sei quando a meias com os espanhóis, a não estar a ser irónico, está a ser preocupantemente irresponsável. Aliás, estivesse eu no lugar da dra. Ferreira Leite depois das eleições e essa candidatura a mais um "evento" morreria de morte súbita. Yves Saint-Laurent - como qualquer pessoa de bom gosto - precisava de fantasmas estéticos para viver. Nós precisamos correr de circo pimba em circo pimba, real ou imaginário, cá dentro ou lá fora para existir como glorioso "colectivo". É pobre, Carlos. Demasiado pobre.
11 comentários:
JG, seja mais «tábua rasa»: esta do mundial (espero que tenha o destino que lhe assinala) não é uma consideração mais infeliz de um comentador. Eles gostam mesmo desses eventos e, no fundo, acreditam nos poderes salvíficos de expos, campeonatos, e demais «certames».
Diz o caro João «Por isso, quando me perguntam por que não escrevo num jornal ou peroro numa televisão, respondo invariavelmente que estou confortável no meu canto».
Ora, talvez a famosa fábula "A Raposa E As Uvas" seja capaz de o levar a perceber o que disse.
Assim sendo, recomendo altamente que se dedique à sua leitura.
Eu também não "gosto" de MFL (não sou masoquista).
O seu problema é esse intelectualismo árido, seco, que nada tem a ver com o povo que sente, ama ou desama, e sobretudo trabalha. Você nunca compreenderá.
Há toda uma série de comentadeiros sem "curriculum" nem obra que se espojam agora nos "media" tradicionais: a imprensa escrita, a rádio e a televisão. Ninguém sabe donde lhes vêm a autoridade e o conhecimento para se pronunciarem sobre coisas que, em qualquer sociedade organizada, se encaram e analisam com seriedade, rigor e bom senso.
Têm de comum, na maioria, a complacência - quando não o apoio activo... - perante o "admirável líder" e uma aversão irracional ao PSD e a Manuela Ferreira Leite.
Na sua incomensurável pobreza de espírito, esses PML, CAA, CFA e quejandos nem sequer reparam na inferioridade intelectual que é servirem objectivamente o interesse pessoal de alguém sem dimensão ética ou cultural, que se enredou em trapalhadas sem fim e deixa o País no calamitoso estado que está à vista.
Deus queira que essa candidaduta ao "Mundial", tão incensada pelo socrático CAA, morra na praia.
Já nos bastou os estádios e a pimbalhada do Euro 2004.
Já não se lembram do então ministro com o pelouro do Desporto, o Sr. Sócrates (sim, esse mesmo!), fantasiado no Estádio Nacional juntamente com a plebe a fazerem uma coreografia para esse campeonato de pontapés na bola e que não fez arrancar o país da sua normal irrelevância internacional.
O CAA deve querer a construção de mais dez estádios pagos pelos Portugueses para ser concluída a execução do famoso plano secreto de integração ibérica do Sapateiro.Nós pagamos,Madrid ganha,o Pinto da Costa triunfa.
Caro João Gonçalves,
Podemos dividir a classe intelectual em que CAA se encontra em dois conjuntos: o primeiro é o daqueles para quem o doutoramento é o fim, o segundo é o daqueles para quem o doutoramento é o princípio.
CAA pertence ao primeiro conjunto para grande infelicidade minha. Ao longo da vida tenho assistido à queda de muitos "scholars" em muitas fases da sua vida. Isto também é o país que temos -- a pobreza não se extingue nos 2 milhões portugueses -- por aqui há também muita pobreza intelectual.
Cumprimentos,
Paulo
CAA é uma das melhores cabeças que temos e um dos melhores corações que a nossa terra jamais produziu. Abençoado seja.
"O seu problema é esse intelectualismo árido, seco, que nada tem a ver com o povo que sente, ama ou desama, e sobretudo trabalha. Você nunca compreenderá."
Caramba, esta troco por um poster do Sócrates "assinado" pelo
We have kaos in the garden.
Foi por minha causa que CAA terminou com os comentários lá no blogue deles.
Nunca o insultei mas fui por ele bastas vezes insultado.
Fazia-lhe perguntas e observações que o irritavam, estava habituado a lá na Petúlia todos lhe beberem sequiosos o pensamento (esta frase copiei-a de um manual de escrita).
Acontece e ele sabe bem que o dito Mundial pode avançar sem o governo dar aval nenhum.
Acontece que ele sabe que é apenas um delírio que nem Sócrates autorizaria.
Mas quando se fala de futebol CAA perde por completo a cabeça, sendo um adepto do FCP isso é desculpável.
Fria e objectivamente, o que se apreende do post e de alguns comentários é uma enorme inveja.
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