16.9.09

DEMASIADO POBRE


Carlos Abreu Amorim é um caso típico da esquizofrenia que se apoderou das melhores cabeças. Digo assim porque, intermitentemente, o Carlos me prova que tem, afinal, uma. Eu percebo que isto de ser comentadeiro oficioso - isto é, pertencer àquele grupo iniciático que desliza de televisão em televisão e de jornal em jornal tendo em vista a ilustração do povo com o "dever ser" da norma - dá muito trabalho e provoca danos irreparáveis à espinha. Por isso, quando me perguntam por que não escrevo num jornal ou peroro numa televisão, respondo invariavelmente que estou confortável no meu canto. E aqui até podia "jogar" com os Cantos do Pound mas isso ia valer-me mais um momento de indignação asinina. Esta "via espanhola" do Carlos não surpreende. O Carlos detesta a dra. Ferreira Leite embora, inexplicavelmente, a dra. Ferreira Leite consiga sobreviver a isso e sair de casa todos os dias apesar dos vampiros. O Carlos pertence a um pequenino universo opinador que ignora (no caso dele nem sequer é por analfabetismo simples ou funcional) que há apenas dois problemas a decidir no dia 27 e que ambos estão relacionados. O primeiro é o endividamento externo. O segundo é Sócrates que (nunca vi o Carlos ou ersatz preocupados com isto) nunca se lhe refere. O Carlos, ao invocar o "mundial" de não sei quando a meias com os espanhóis, a não estar a ser irónico, está a ser preocupantemente irresponsável. Aliás, estivesse eu no lugar da dra. Ferreira Leite depois das eleições e essa candidatura a mais um "evento" morreria de morte súbita. Yves Saint-Laurent - como qualquer pessoa de bom gosto - precisava de fantasmas estéticos para viver. Nós precisamos correr de circo pimba em circo pimba, real ou imaginário, cá dentro ou lá fora para existir como glorioso "colectivo". É pobre, Carlos. Demasiado pobre.

11 comentários:

Anónimo disse...

JG, seja mais «tábua rasa»: esta do mundial (espero que tenha o destino que lhe assinala) não é uma consideração mais infeliz de um comentador. Eles gostam mesmo desses eventos e, no fundo, acreditam nos poderes salvíficos de expos, campeonatos, e demais «certames».

Jorge Diniz disse...

Diz o caro João «Por isso, quando me perguntam por que não escrevo num jornal ou peroro numa televisão, respondo invariavelmente que estou confortável no meu canto».

Ora, talvez a famosa fábula "A Raposa E As Uvas" seja capaz de o levar a perceber o que disse.

Assim sendo, recomendo altamente que se dedique à sua leitura.

Eu também não "gosto" de MFL (não sou masoquista).

Anónimo disse...

O seu problema é esse intelectualismo árido, seco, que nada tem a ver com o povo que sente, ama ou desama, e sobretudo trabalha. Você nunca compreenderá.

António P. Castro disse...

Há toda uma série de comentadeiros sem "curriculum" nem obra que se espojam agora nos "media" tradicionais: a imprensa escrita, a rádio e a televisão. Ninguém sabe donde lhes vêm a autoridade e o conhecimento para se pronunciarem sobre coisas que, em qualquer sociedade organizada, se encaram e analisam com seriedade, rigor e bom senso.
Têm de comum, na maioria, a complacência - quando não o apoio activo... - perante o "admirável líder" e uma aversão irracional ao PSD e a Manuela Ferreira Leite.
Na sua incomensurável pobreza de espírito, esses PML, CAA, CFA e quejandos nem sequer reparam na inferioridade intelectual que é servirem objectivamente o interesse pessoal de alguém sem dimensão ética ou cultural, que se enredou em trapalhadas sem fim e deixa o País no calamitoso estado que está à vista.

Garganta Funda... disse...

Deus queira que essa candidaduta ao "Mundial", tão incensada pelo socrático CAA, morra na praia.

Já nos bastou os estádios e a pimbalhada do Euro 2004.

Já não se lembram do então ministro com o pelouro do Desporto, o Sr. Sócrates (sim, esse mesmo!), fantasiado no Estádio Nacional juntamente com a plebe a fazerem uma coreografia para esse campeonato de pontapés na bola e que não fez arrancar o país da sua normal irrelevância internacional.

Mani Pulite disse...

O CAA deve querer a construção de mais dez estádios pagos pelos Portugueses para ser concluída a execução do famoso plano secreto de integração ibérica do Sapateiro.Nós pagamos,Madrid ganha,o Pinto da Costa triunfa.

Pedro disse...

Caro João Gonçalves,

Podemos dividir a classe intelectual em que CAA se encontra em dois conjuntos: o primeiro é o daqueles para quem o doutoramento é o fim, o segundo é o daqueles para quem o doutoramento é o princípio.

CAA pertence ao primeiro conjunto para grande infelicidade minha. Ao longo da vida tenho assistido à queda de muitos "scholars" em muitas fases da sua vida. Isto também é o país que temos -- a pobreza não se extingue nos 2 milhões portugueses -- por aqui há também muita pobreza intelectual.

Cumprimentos,
Paulo

Anónimo disse...

CAA é uma das melhores cabeças que temos e um dos melhores corações que a nossa terra jamais produziu. Abençoado seja.

Anónimo disse...

"O seu problema é esse intelectualismo árido, seco, que nada tem a ver com o povo que sente, ama ou desama, e sobretudo trabalha. Você nunca compreenderá."

Caramba, esta troco por um poster do Sócrates "assinado" pelo
We have kaos in the garden
.

fado alexandrino. disse...

Foi por minha causa que CAA terminou com os comentários lá no blogue deles.
Nunca o insultei mas fui por ele bastas vezes insultado.
Fazia-lhe perguntas e observações que o irritavam, estava habituado a lá na Petúlia todos lhe beberem sequiosos o pensamento (esta frase copiei-a de um manual de escrita).
Acontece e ele sabe bem que o dito Mundial pode avançar sem o governo dar aval nenhum.
Acontece que ele sabe que é apenas um delírio que nem Sócrates autorizaria.
Mas quando se fala de futebol CAA perde por completo a cabeça, sendo um adepto do FCP isso é desculpável.

Carlos Garcez Osório disse...

Fria e objectivamente, o que se apreende do post e de alguns comentários é uma enorme inveja.