16.4.09

ASSIM NÃO VÃO LÁ


Estive em Bruxelas a convite do PPE e, em particular, dos eurodeputados do PSD - e, dentro destes, do incansável Carlos Coelho - de visita ao Parlamento e à Comissão. Apesar da minha declaração de voto, considero-me um europeísta cada vez mais céptico. Sou contra o Tratado de Lisboa e ainda sou mais agreste em relação à circunstância de, ao contrário do que foi prometido (felizmente o tempo tem dado para perceber que somos dirigidos por gente com uma péssima relação com a verdade), aquele não ter sido referendado. Um referendo europeu a pretexto do Tratado (ou da "constituição europeia" que é o que ele verdadeiramente é) seria um bom passo para a tão inverosímil "aproximação" da Europa aos seus cidadãos e dos seus cidadãos à Europa em vez de esta ser olhada com desconfiança como um lugar cinzento onde se produz burocracia ininteligível e, tantas vezes, impraticável. Uma moeda única, por exemplo, não tem necessariamente de corresponder a um "pensamento único" ou a uma discussão "única". A Europa - mesmo, ou sobretudo, perante a presente crise - deve ser um espaço de negociação e jamais de "consensos" impostos. Por outro lado, os disparatados derradeiros alargamentos - longe da devida "digestão" e já há quem suspire pela Turquia, pela Albânia ou pela Ucrânia... - não auguram nada de positivo em termos da "coesão" retórica apregoada nas cimeiras já que a história mostra que haverá sempre várias "Europas" dentro da Europa. E, evidentemente, quem a pague e que não quer abdicar do "direito de pernada". Esta publicidade (aparentemente enganosa mas politicamente verdadeira e perigosa) é um símbolo freudiano daquilo que o funcionalismo bruxelense - refractário à escolha pública - pensa dos seus pobres concidadãos europeus. Assim não vão lá.

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