16.4.09

A UTOPIA DO FRACASSO


Tentei explicar a Pedro Lomba, em surdas conversas em Bruxelas, por que é que lamento não o ver mais em letra de forma do que a alguns dos seus contemporâneos ligeiramente mais velhos, tagarelas e tantas vezes dispensáveis. Esta pequeno excerto de uma prosa já "antiga" do Pedro explica melhor tudo o que eu não lhe soube transmitir.«É muito mais saudável perder do que ganhar. Ganhar é um luxo, uma embriaguez fácil, uma descaracterização. Fracassar não é nada disso. Fracassar é muito mais difícil, muito mais exigente e muito mais conservador do que ganhar. É a única utopia conservadora em que eu acredito: a utopia do fracasso. Tenho há muito tempo esta certeza e não me peçam para explicar: o mundo será melhor no dia em que for universalmente feito de fracassados.»

4 comentários:

Anónimo disse...

após o "great socialism disaster" (made in sócrates).
de fracasso em fracasso
portugal será
"no country for all men
and women"
vem aí a factura
puta que os pariu

radical livre

Anónimo disse...

Também acho que pode haver - e ainda há - muita diguidade numa derrota ou num fracasso. Sem me comparar a alguns - muito poucos - casos que conheço em que o preço da dignidade foi a pobreza, o meu próprio caso é um exemplo disso. Já fui assistente universitário. hoje sou um administrativo num organismo público, com uma avaliação de desempenho "abaixo do normal", gozado por jovens cheios de habilitações que nunca leram um livro e por chefes para quem mais do que futebol e metas da administração pública é conversa de "padres, políticos e fadistas".
Esta dignidade é dura.

Karocha disse...

Acredito que seja,Caro Anónimo, mas é dignidade!
A mesma que fez com que o meu rapaz, tivesse tirado o curso de economia a trabalhar,e que nunca se riria de si pois lê desalmadamente, ficaria isso sim , revoltado!
A mesma que faz com que eu viva com o RSI!
Dignidade, algo que não se compra e,nos faz andar na rua de cabeça erguida...

joshua disse...

Já li algures que do ponto de vista espiritual um homem pode estar na plenitude da realização precisamente quando fracassa em tudo o mais.

Pessoalmente, parece-me que tal máxima de sabedoria, com os factos biográficos que a ilustram, incrustou-se-me na Carne e na Alma.