24.4.09

O "HERÓI"


O Público chama-lhe o "herói imperfeito". Um governo de direita recusou-lhe a promoção a coronel que este agora - da esquerda "imperfeita" - lhe quer dar. Parece que ele não aceita a prebenda se não lhe pagarem os "retroactivos" desde não sei quando. Um símbolo, portanto. Otelo foi - é assim que reza a história - indispensável para o sucesso do "25/4". Ainda mal estávamos curados da "outra" revolução - a do PREC, do COPCON e da imensa palhaçada em que o país alegremente mergulhou até "25 de Novembro" - e já Otelo se revelava o herói, desta vez perfeito, de gente hoje insuspeita como o ministro da propaganda Santos Silva e outros que tais. Ficou em segundo lugar nas primeiras presidenciais livres, as de 1976, em que o vencedor de Novembro, Eanes, chegou a Belém. Quando estive no Regimento de Lanceiros - Polícia do Exército entre 86 e 87, a principal ocupação dos esquadrões operacionais era ir recolher o "herói" à prisão militar de Caxias e levá-lo para as intermináveis sessões no Tribunal de Monsanto à conta do processo das "FP-25". O "herói" tinha metido a pata na poça e um famoso caderninho preto com as "operações" do bando não deixou dúvidas a ninguém. Como todos os homens que carregam às costas o peso de uma história para a qual não têm dimensão, Otelo Saraiva de Carvalho foi engolido pelos acontecimentos, felizmente antes de ter tido a oportunidade de se fazer ao famoso cavalo do poder que um dia sonhou apanhar. Não o considero propriamente um "romântico" e, como pessimista empedernido, recuso uma visão romântica da história e, em especial, de Otelo. As FP-25, os negócios com Angola etc., etc. afastam qualquer tipo de "romantismo". Percebo que "camaradas de armas" o tivessem defendido enquanto tal. Isso, porém, não absolve Otelo de nada. Nem como homem, nem como o "herói nacional" que, em boa hora, a história que ele queria montar devolveu à procedência.

21 comentários:

joshua disse...

Os mitos do passado romântico, entre os quais o do 25/4, mitificado têm o condão de segregar 'virgens' 'idealistas' e pícaras, como Otelo. Prefiro Othello, the Moor of Venice.

É preciso escaqueirar o Estado Clientelar, o grande fruto de esse 25/4 no qual eu tinha apenas 4 anos e hoje, com 39, percebo que serviu a grande obra de cevar o 'idealismo estomacal' do Centrão.

Democracia não é isto que aliás esta Legislatura pútrida degradou para além de todos os limites.

Cáustico disse...

Conheço Otelo apenas pelo facto de semelhante paspalho aparecer na televisão mais vezes do que as que seria de admitir. E a paspalhice neste homúnculo começou, para mim, quando afirmou, ao defender-se da acusação de ter dado instrução a elementos da legião portuguesa, que o fizera somente para conseguir uma ajuda para a renda de casa.
Mais tarde, julgando-se na pele de Hitler ou de Estaline, ameaçou pôr uns tantos no Campo Pequeno para serem fuzilados.
Eu não me insurjo contra este pobre diabo, ele nasceu assim, cresceu assim, e continuará assim até que o diabo o leve para as profundas do inferno. Condeno, isso sim, os merdas que lhe estão a preparar ricas benesses, quando ele nem a reforma que tem merece.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com o seu texto sobre Otelo. Poucos diriam e escreveriam melhor.

Anónimo disse...

O sujeito tem um ego do tamanho do Universo.
Quem me dera ser o que ele julga que é ...

Unknown disse...

O Otelo é um imbecil perigoso. O resto é do reino da ventosidade.

Unknown disse...

Toda a ficção fabricada não consegue esconder a realidade : um palhaço assassino - que o Regime reconhece como seu.

Anónimo disse...

Tal como o Joshua, Otelo só há um. Este idiota é só uma amostra de gente.

Anónimo disse...

Tornou inesquecível a minha passagem pelo 2ºELL-RLL em 86/87: escoltas e mais escoltas ao "Óscar"!
Aproveito esta oportunidade para enviar ao nosso aspirante Gonçalves respeitosas saudações.
Um abraço.
Humberto

Diogo Torralva disse...

inveja, inveja e mais inveja, estes comentarios de quem se teria mijado nas calças se experimenta-se metade daquilo por que passou OTELO so relevam a estatura moral destes pseudo anonimos



Diogo Torralva

joshua disse...

Vai-te foder, Diogo Torrado!

Anónimo disse...

É isso mesmo, esfolem o Otelo e deifiquem o Salazar, santa incoerência....

Anónimo disse...

Ó Torralva, aprenda a escrever: é experimentasse e não "experimenta-se"! Quando souber escrever, opine.

Unknown disse...

Torralva, pá, por mim podes ser Diogo ou Pedroso, não deixas de ser anónimo. O único que não é anónimo é o João Gonçalves que já fez a sua “prova de vida”. Isto posto não venhas para cá com a tua putativa coragem de inserir um nome que tanto pode ser verdadeiro ou não. No mais a coragem do cretino foi assassina e imprestável. Coragem cívica tem um nome: Ramalho Eanes.

joshua disse...

Ramalho Eanes, sim. Um senhor, um sustentáculo de probidade que mete Soares num bolso e ao Otelo e a esta fase decrépita e desacreditada do Regime.

Há que distinguir Árvores Nobres de arbustos minorcas e rascas.

Anónimo disse...

CAÚSTICO, muito bem, concordo
consigo .É que estes gajos do
25 de abril ainda estão conven-
cidos que fizeram uma grande
coisa, ainda têem a pouca ver-
gonha de aparecer como heróis
a pregar as estas novas gerações.
São os grandes responsáveis pela
página mais NEGRA da n/história..

Anónimo disse...

Diogo Torralva, que idade tem
você ? Sabe do que fala ?
Você deve já fazer parte destas
novas gerações, que ouviu as
histórias do "herói da treta" e
"emprenhou" pelos ouvidos!!!

MBartlotti disse...

Caros comentadores.
Admito que não existam heróis, neste pequenino país.
Não podemos todavia esquecer,que o que foi feito por aqueles a quem não consideram,(e generalizo, todos os participantes de 24/4)foram os homens que pemitiram que a maioria de nós, pudesse hoje estar aqui a falar livremente.
Mb

Anónimo disse...

Se não tivesse havido a questão colonial - a causa das causas do 25 de Abril - certamente que teríamos realizado uma transição à espanhola antes destes a terem feito após a morte do general Franco. O crescimento económico do País era dos maiores da Europa, a questão financeira estava há muito ultrapassada e havia uma série de reformas em curso de carácter social.
Ou seja, para além da questão colonial, o País estava sem graves problemas sociais. Apenas o percalço da crise petrolífera em finais de 1973 veio provocar um aumento da inflação. Marcello teria liberalizado o regime (a ala liberal era disso a prova) se tivesse tido a coragem de iniciar o processo da descolonnização. Não o fez e os militares tiveram que se encarregar dessa tarefa.E certamente que, hoje em dia, ninguém ouviria falar de Otelo

Anónimo disse...

é de homens destes que a estória se faz!
a revolução perdura, para mal de muitos.
viva a coragem!

Duvidador disse...

Este anónimo 1:42 AM, se não fosse burro, o que gostaria de ser?
Inquietante dúvida...

jpt disse...

isto tudo é inacreditável. que raio de gente. e que raio de militares que o promovem. e que raio de ministro que o aceita.