9.7.07

O NOME DA COISA


O dr. Costa dedicou o domingo antes das eleições a zurzir no dr. Mendes que, por acaso, não concorre à CML. Tudo porque o dr. Mendes se lembrou de chamar a atenção para o segundo da lista de Costa, o inefável arquitecto Manuel Salgado (a propos, é interessante constatar como a bastonária dos arquitectos e concorrente de Costa, Helena Roseta, tem guardado prudente silêncio sobre esta veneranda figura da sua corporação), para a obsessão de Costa pela terraplanagem da Portela sem aviões, etc., etc. Nada, pois, que devesse chocar Costa. Muito menos o seu mandatário, José Miguel Júdice que, em matéria de "interesses", não devia dar recados a ninguém ou perpetrar ridículos "ultimatos". Tanto mais quando um ilustre membro da "comissão de honra", em forma de letra, deu o nome à coisa. E se quiser, dr. Costa, também pode ler uns relatórios pretéritos do Tribunal de Contas sobre grandes empreendimentos públicos conhecidos na área de Lisboa. É que, como ilustrava Nabokov já por aí citado, a forma da coisa precede-a sempre. E antes que ela tome forma, mais vale preveni-la do que remediá-la. Bom tema para a conversa tonta, a doze, mais logo na CML e na RTP.

"Este almoço foi todavia, para minha inteira surpresa e, devo dizer, não menor perplexidade, precedido de vários recados, de proveniência muito diversa mas de conteúdo sempre idêntico - O Salgado quer ser vereador. A minha perplexidade decorria de eu saber que Manuel Salgado tinha muitos projectos em curso na cidade de Lisboa, o que configurava uma situação de óbvio, e perturbante, conflito de interesses. Foi isto, de resto, depois de ele me confirmar o seu desejo de integrar a minha equipa, que eu lhe disse com toda a frontalidade. Ele reconheceu que havia dificuldades, mas que juridicamente havia soluções, que se podia pensar num blind trustee para dirigir o seu atelier. Tudo me pareceu pouco claro, pelo que ficámos de pensar melhor no assunto - mas eu fiquei muito preocupado, não só juridicamente mas também eticamente, com os contornos desta inesperada situação."

in Manuel Maria Carrilho, SOB O SIGNO DA VERDADE, D. Quixote, página 53.

1 comentário:

Anónimo disse...

Para nulos, voto nulo.