"O que está em causa é "um presidente que dê a ideia de ser um homem culto". A ideia é que ele respeite "a cultura" (a gente que assina documentos públicos e tem poder no "sistema cultural" e nas "associações do sector"), os músicos e os cineastas. Não é má ideia, tirando que a literatura não se faz nas "associações do sector" e que a cultura não é propriedade do "sistema cultural" e do complexo de cargos para que há nomeações e comissariados. O que me incomoda, e sempre incomodou, é a imagem do político que gosta de reunir essa gente e que treme de comoção quando "os artistas" lhe dizem que estão muito honrados por serem aceites na corte.Um presidente que respeite a cultura e que não suborne os escritores, os músicos, os pintores, é bom. É magnífico. Mas eu prefiro que, além disso, o presidente deixe "a cultura" em paz e que, em vez disso, seja honesto, imune a pressões corporativas e pedidos de favorecimento, e seja incapaz de pressionar "a cultura"."
Francisco José Viegas, no Jornal de Notícias
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