Uma das coisas "giras" que tem o dr. Mário Soares, é baralhar toda a gente. A começar pelos seus supostamente mais "próximos". Nesse aspecto, ele é uma permanente brisa de ar fresco ao pé destas mediocridades vaidosas que pululam na vida pública nacional, da "esquerda" à "direita". Por mais que se desminta, Manuel Maria Carrilho, citado "entre aspas" no Diário de Notícias, não aprecia a candidatura do fundador. E, sobretudo, não gostou da maneira como Sócrates tratou do assunto ou, melhor dito, da forma como Soares o "obrigou" a tratar. Carrilho, a pretexto de um falso pretexto, quis demarcar-se de um secretário-geral que não é manifestamente o seu preferido e que pressente a "afundar-se". Nada mais. Estas bizantinices não maçam Soares. Pelo contrário, devem diverti-lo imenso. Cada dia que passa, o partido está mais refém da sua gloriosa pessoa. Ele sabe que, na hora "da verdade", estarão lá todos. Eduardo Prado Coelho, que é um teórico da ubiquidade, explica já isso claramente quando, depois de "zurzir" Soares como uma "falsa boa ideia", como aliás o fez ao lado de Pintasilgo em 1985/86, se prepara para "acabar por o apoiar também". Estes episódios sucessivos de "desestabilização" na "família" são bem elucidativos do factor de perturbação que a candidatura de M. Soares veio introduzir numa maioria absoluta "à beira de um ataque de nervos" que, por acaso, é da sua "cor". O que significa que Soares, candidato, vai querer fugir disto o mais depressa possível, como o diabo da cruz. Sucede, porém, que a "sua" maioria é o governo de Portugal e, supostamente, uma coisa séria. Não invejo a tarefa dos "preparadores" dos discursos presidenciáveis de M. Soares, alguns deles meus amigos. O eleitorado que deu a maioria absoluta ao PS, fê-lo para governar bem e não para perder tempo com questões domésticas. Até mais ver, Soares é uma questão doméstica que "ameaça" todo o edifício "socialista" de ruína precoce. Eu avisei e tornei a avisar. Ele não vem pelo bem de Sócrates. Vem só e exclusivamente pelo dele.
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