25.8.05

"DESCRÉDITO"

Do notável artigo de Maria de Fátima Bonifácio no Público (sem link): "(...) Em má hora Sócrates seguiu o exemplo de Barroso. Já nem me quero referir à "promessa" de criar 150.000 empregos. Esclareceu que não era propriamente uma promessa, mas sim um objectivo. Mas sabia, como não podia deixar de saber, que, aos ouvidos menos atentos da generalidade dos eleitores, a coisa passava por promessa. Mas se neste caso apenas podemos pôr em dúvida a boa-fé, no caso dos impostos podemos ter a certeza da má-fé. Sócrates estava farto de saber que teria de os aumentar; Campos e Cunha referiu logo essa "possibilidade" antes de tomar posse. O apuramento do défice pela comissão Constâncio apenas se destinou, como toda a gente percebeu, a justificar a mentira sobre os impostos conscientemente proferida em campanha; e serviu também para justificar cortes na despesa pública de que ninguém ouvira antes falar. Tal como as fraudes eleitorais no século XIX, estas coisas fazem mossa: cavam o descrédito do governo, diminuem-lhe a autoridade e ferem a legitimidade das medidas de austeridade nunca antes anunciadas: o eleitor tem o direito de se sentir enganado. Em quem irá agora acreditar? Veremos se as próximas presidenciais servem para travar a corrupção do regime."

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