20.8.05

INEXPLICÁVEL

Uma rápida passagem por dois jornais - há sol e vida felizmente para além disto -, o Público e o Diário de Notícias, mostra-me uma espécie de "balanço estival" da actividade do governo e respectiva "perspectiva" para os próximos tempos. Lembrei-me instantaneamente da "teoria da explicação", advogada por Freitas do Amaral na sua já longamente esquecida entrevista de Julho - reparem que o homem, desde esse momento, desapareceu literalmente e ignoro mesmo se ainda é ministro deste governo ou se se sente lá bem - e retomada pelo "pai espiritual" do aparelho (e dessa entrevista), o dr. Soares, numa conversa televisiva desta semana. Quando alguém advoga "explicações" políticas por parte do governo, é geralmente mau sinal. Não se pode "explicar", por exemplo, coisas que não têm aparente explicação. Em princípio, o que é bom é evidente por natureza. Tal como o que é mau, é instintintivamente detectado. "Explicar", no contexto "amaralista", "coelhista" ou "soarista", quer apenas dizer "sejam um pouco mais convincentes e pantomineiros". E, no último caso, é mais "eu depois explico". Os "massagistas" que existem em toda a comunicação social, a rapaziada do frete, costumam fazer o resto. Acontece que as pessoas não são tão parvas como as gostam de pintar. Suspeito, aliás, que, apesar destes esforços "militantes", a percepção geral é razoavelmente má. E isso é terrivelmente inexplicável.

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