Medeiros Ferreira reconhece finalmente que M. Soares está a fazer um frete partidário. E critica-o subtilmente por isso. Ao arrepio do que aquele honesto e persistente militante da recandidatura do "fundador" defende - "uma opção estratégica" de um "fortíssimo candidato progressista" -, o próprio veio esclarecer que não o move propriamente qualquer tipo de "desígnio nacional", muito menos "estratégico", mas antes o meritório propósito de tapar um buraco e de colocar o PS, e o governo, em sentido. Ele até já "ouviu" os governadores civis, o que faz lembrar as "candidaturas" da União Nacional que tanto, e bem, combateu. Enfim, e nas suas palavras, Soares vem para suprir um "vazio". A retórica do "interesse dos portugueses", invocada na SIC Notícias como determinante para avançar para Belém, não passa disso mesmo, de pura retórica. Será que os portugueses têm assim tanto "interesse" nesse passo? Tenho as maiores dúvidas e ainda não vi ninguém estremecer de comoção, salvo meia centena de bonzos da província e o inevitável dr. Vitor Ramalho. Quanto à tese de que não existe mais ninguém no "mercado" para derrotar Cavaco Silva - eis, no seu esplendor, o único "interesse" desta putativa candidatura -, é bem provável que seja verdade. Acontece que, para quem foi galhardamente eleito duas vezes Chefe de Estado, esse "interesse" é demasiado pequenino. Em democracia - em trinta anos de democracia -, já é tempo de acabar com estas patéticas exigências de "pedigree democrático". E muito menos para preencher apenas um "vazio".
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