21.8.05

NO MEIO DAS CINZAS

Com método e zelo, o país continua a arder. Tal como o Paulo Gorjão, já não posso ouvir falar nessa bizarria dos incêndios "circunscritos" e "por circunscrever". Ou nas detalhadas informações sobre o número de "viaturas" e de bombeiros "no terreno". Ou sequer ver as imagens requentadas da aflição nas televisões. O Estado, nas pessoas do primeiro-ministro e do Chefe do dito, "desceu" ao assunto. Sócrates foi ou vai a Pampilhosa da Serra e Sampaio, como é mais dado a "dossiês" e a reuniões "esclarecedoras", visita o SNBPC. Nada disto é, em si mesmo, relevante. O mal não só já está feito, como continua a fazer-se. O Estado, na sua função preventiva e repressiva, voltou a falhar, porventura de uma maneira mais espectacular e mais humilhante. A sensação geral é de impotência perante a inevitabilidade - o calor, a seca, a ignorância -, perante a fragilidade - os meios - e perante o crime. A sua precária autoridade jaz no meio das cinzas.

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