À miséria dos incêndios junta-se a miséria social e cultural. O Jornal de Notícias revela que, na "linha da frente" do combate aos fogos, também se encontram menores. Este misto de ignorância, de aventura, de voluntarismo e de irresponsabilidade é apenas mais um produto de um país profundamente dividido entre um "litoral" light, supostamente esclarecido e sobranceiro, e um "interior "que pertence inteiramente a outro "filme", mais sombrio, inevitavelmente pobre, abandonado à sua sorte e "desligado" do "progresso", comandado desde sempre a partir da "orla marítima". A "falta de meios" não deve servir de desculpa para tudo. Pelo que se vê, a horrível e criminosa "procissão" dos incêndios vai só a meio. Sócrates, "o africano", regressa amanhã de umas descansadas férias passadas bem longe da aflição e do país kitsch que lhe cabe governar. Segundo o seu gabinete, pondera-se uma "visita" a localidades afectadas, com possibilidade de recuo em virtude de se pretender não "atrapalhar" quem anda no "terreno". Ninguém explicou ao "gabinete" que, apareça onde aparecer, ou não apareça onde não aparecer, o primeiro-ministro já falhou. Este combate está politicamente perdido para este governo como esteve para os anteriores. Quando caiu a ponte de Entre-os-Rios, o piedoso Guterres também lá foi para ser sumariamente vaiado. Não desejo isso a Sócrates. Apenas espero que, sensatamente, manifeste algum sentido de oportunidade.
1 comentário:
Mas falhou porquê? Não foram accionados todos os meios disponíveis e necessários para combater os fogos? Não esteve o MAI e PM em exercício sempre em cima do acontecimento, coordenando e conseguindo aquilo que nenhum governo teria conseguido só com 5 meses de governação? Não se esqueça que, quando este governo tomou posse, já o plano de combate aos incêndios estava decidido pelo anterior governo! Não era possível fazer mais nem melhor! Que culpa tem este governo das altas temperaturas e do plano gizado pelo governo anterior? O argumento das férias do PM é ridículo e demagógico! Se há uma coisa que admiro em Sócrates é a ausência de demagogia, o sentido pragmático e eficaz das coisas. A sua crítica é injusta.
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